Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

RECUPERAÇÃO INTRAOPERATÓRIA: COMPARATIVO DO PERFIL DE 2 UNIDADES ESPECIALIZADAS EM CIRURGIA CARDÍACA DO DF E SP

  • JPL Amorim,
  • VS Soares,
  • MCL Silva,
  • KCG Alves,
  • FCV Perini,
  • MC Moraes

Journal volume & issue
Vol. 45
p. S827

Abstract

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Introdução: As cirurgias cardíacas são procedimentos complexos, onde há risco de grande perda sanguínea e, consequentemente, necessidade de reposição desse volume. Nesse contexto, o uso da recuperação intraoperatória autóloga, pode diminuir a necessidade de uso de hemocomponentes alogênicos, reduzindo a exposição e o risco aos pacientes. Objetivos: Demonstrar a eficácia do sistema de Recuperação Intraoperatória de Sangue em reduzir a necessidade de transfusão de sangue alogênico, em pacientes submetidos a cirurgias cardiovasculares e comparar o perfil de pacientes e recuperação de 2 hospitais localizados em regiões diferentes do país. Materiais e métodos: Realizada análise retrospectiva dos prontuários de pacientes submetidos a cirurgias cardiovasculares entre janeiro de 2022 a dezembro de 2022, em dois hospitais especializados, um em Brasília-DF e outro em São Paulo-SP. Os dados foram comparados com os dados da literatura e entre as 2 instituições. Resultados: Em Brasília foram realizados 156 procedimentos, sendo que 7 foram excluídos por falta de volume recuperado, resultando em 149 procedimentos incluídos. Os procedimentos foram: Revascularização do Miocárdio (67,8%), Troca Valvar (24,8%), Correção de Aneurisma de Aorta (4,0%), Plastia Valvar (2,0%), Transplante Cardíaco e Miectomia Septal (1,4%). O volume médio recuperado foi de 460ml, com índice de 1,19 por procedimento. Dos 149 procedimentos, 31 (20,8%) necessitaram da transfusão de hemocomponentes, 17 (11,4%) de Concentrados de Hemácias (CH) e 18 (12,08%) de Concentrados de Plaquetas Randômicas (CP) ou Concentrados de Plaquetas por Aférese (CPA). Em São Paulo tivemos 269 procedimentos realizados, sendo 11 excluídos por falta de volume recuperado, resultando em 258 procedimentos incluídos. Os procedimentos foram: Revascularização do Miocárdio (47,29%), Troca Valvar (45,7%), Correção de Aneurisma de Aorta (6,6%), e Mixoma (0,38%). O volume médio recuperado foi de 458 mL, com índice de 1,19 por procedimento. Dos 258 procedimentos, 99 (38,37%) necessitaram da transfusão de hemocomponentes, 83 (32,17%) de CH e 51 (19,77%) de CP ou CPA. Discussão: Na literatura o uso de autotransfusão intraoperatória reduziu o consumo de hemocomponentes alogênicos em 37% e de CH em 40%, com taxas de transfusão de hemocomponentes por paciente de 43,8% com o uso de autotransfusão e 51,2% sem. Quando considerados separadamente os hemocomponentes as taxas de CH ficaram em 37,4% e 45,4% e de CP em 10,9% e 12,1%, com e sem o uso de autotransfusão, respectivamente. Quando comparamos a literatura com os dados obtidos, ambos os locais apresentaram queda na transfusão de hemocomponentes e CH, com valores mais baixos no DF. Essa diferença pode ser decorrente de maior complexidade dos casos em SP, não relacionada apenas ao tipo de cirurgia, tendo em vista este centro ser referência nacional. Não foi observada redução no consumo de CP ou CPA, em nenhum dos locais. Conclusão: O uso da recuperação intraoperatória foi eficaz em reduzir a transfusão de hemocomponentes alogênicos, em ambos os locais analisados, confirmando os dados da literatura. Mais estudos são necessários para avaliar se a diferença entre o uso de hemocomponentes alogênicos entre os serviços é estatisticamente significativa e porque não observamos redução do consumo de plaquetas.