Revista Brasileira de Educação Médica (Oct 2022)
Consenso Abem para o ensino de comunicação nas escolas médicas brasileiras
Abstract
Resumo: Introdução: A comunicação é uma competência essencial para o(a) médico(a) e outras categorias profissionais, e deve ser desenvolvida durante sua formação profissional. A elaboração de um projeto de comunicação, incluindo um consenso brasileiro, visou subsidiar as escolas médicas a preparar os estudantes de Medicina para se comunicarem efetivamente com os(as) cidadãos/cidadãs brasileiros(as), de características plurais intra e inter-regionais, pautando-se no profissionalismo e nos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). Objetivo: Este manuscrito apresenta o consenso para o ensino de comunicação nas escolas médicas brasileiras. Método: O consenso foi construído colaborativamente com 276 participantes, experts em comunicação, docentes, profissionais de saúde e discentes, de 126 escolas médicas e cinco instituições de saúde, ao longo de nove encontros presenciais em congressos e de encontros virtuais quinzenais ou mensais. Nos encontros, compartilharam-se as experiências dos participantes e o material bibliográfico, incluindo os consensos internacionais, e apresentou-se o consenso em construção, com discussão em grupos para elencar novos componentes para o consenso brasileiro, seguida por debate com todos para pactuá-los. A versão final foi aprovada em reunião virtual, com convite a todos(as) os(as) participantes em julho de 2021. Após submissão, diversas alterações foram requeridas, o que demandou novos encontros para revisão da versão final do consenso. Resultado: O consenso tem como pressupostos que a comunicação deve ser centrada nas relações, pautada nos princípios do SUS, na participação social e no profissionalismo, e embasada nas Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em Medicina, em referenciais teóricos e nas evidências científicas. São descritos objetivos específicos para desenvolver a competência em comunicação nos estudantes, abrangendo: fundamentos teóricos; busca e avaliação crítica da literatura; elaboração e redação de documentos; comunicação intrapessoal e interpessoal no ambiente acadêmico-científico, na atenção à saúde em diversos contextos clínicos e na gestão em saúde. Recomenda-se a inserção curricular da comunicação do início ao final do curso, integrada a outros conteúdos e áreas de saber. Conclusão: Espera-se que esse consenso contribua para a revisão ou implementação da comunicação nos currículos das escolas médicas brasileiras.
Keywords