Ciência Animal Brasileira (Oct 2020)
Identificação e resistência à antimicrobianos de Salmonella enterica isoladas de aves vivas em revendas comerciais
Abstract
Objetivou-se com este trabalho investigar as características sanitárias e de manejo das revendas de aves vivas, identificação e caracterização antigênica de Salmonella enterica e sua sensibilidade aos antimicrobianos. Questionários estruturados foram aplicados e 627 amostras foram coletadas nas gaiolas, sendo 209 de excretas, 209 de ração e 209 suabes de bebedouros, sendo processadas por bacteriologia convencional. Os isolados obtidos foram submetidos ao teste de suscetibilidade a 12 antimicrobianos pelo método de difusão em disco. Verificou-se que 91,7% das revendas estudadas alojam Gallus gallus domesticus juntamente a outras espécies animais, comercializam aves com escassa documentação zoosanitária, a vigilância ativa é insatisfatória, e utilizam e comercializam antimicrobianos de forma indiscriminada. Detectou-se a presença da Salmonella enterica em 1,4% (9/627) das amostras analisadas nas gaiolas, sendo 1,9% (4/209) em excretas e 0,95% (2/209) em ração e em 1,4% (3/209) em suabes de bebedouros, as quais foram caracterizadas antigenicamente como Salmonella Heidelberg, Gallinarum, Risen, Ndolo, Saint Paul, Mbandaka subesp enterica O:6,7. Na determinação da suscetibilidade aos antimicrobianos obteve-se resistência de 44,4% (4/9) para Trimetoprim-sulfametoxazol, 33,3% (3/9) para enrofloxacina, 22,2% (2/9) para ciprofloxacina, ceftiofur, amoxicilina e 11,1% (1/9) para tetraciclina e fosfomicina. Salmonella Heidelberg, bem como os sorovares Gallinarum, Risen, Saint Paul e Mbandaka mostraram resistência a pelo menos um dos antimicrobianos testados. Trimetoprim-sulfametoxazol e enrofloxacina foram os antimicrobianos que apresentaram menor eficácia. Sorovares como Heidelberg, Gallinarum e Mbandaka apresentam multirresistência aos antimicrobianos de uso comum em medicina humana e veterinária, o que implica em riscos potenciais para a saúde única.