Revista Brasileira de Cartografia (Jan 2017)

A INFLUÊNCIA DA QUALIDADE DOS PRODUTOS CARTOGRÁFICOS PARA ANÁLISE DE DESLIZAMENTOS TRANSLACIONAIS ATRAVÉS DA APLICAÇÃO DO MODELO SHALSTAB

  • Gabriel Phelipe Nascimento Rosolem,
  • Yuzi Anaí Zanardo Rosenfeldt,
  • Carlos Loch,
  • Rafael Augusto dos Reis Higashi

Journal volume & issue
Vol. 69, no. 1

Abstract

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No Brasil, os movimentos de massa são um dos principais processos associados a desastres naturais com maior número de vítimas fatais. A Lei Federal 12.608/2012 como uma de suas diretrizes à prevenção de desastres naturais tornou obrigatório aos municípios incluídos no "Cadastro nacional de municípios com áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos" identificar e mapear as áreas de risco, além de elaborar uma carta geotécnica de aptidão a urbanização. Este trabalho tem por objetivo comparar os resultados do mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos translacionais com o uso de dados cartográficos de escala 1:2.000, e 1:50.000, por meio do modelo SHALSTAB para a bacia do Rio Forquilhas - localizada no município de São José-SC. Para tanto, os parâmetros topográficos de entrada, declividade e área de contribuição por comprimento de contorno, foram obtidos por meio de modelos ditais de terreno com resolução espacial de 1m e 10m com origem nos dados da cartas de escala 1:2.000 e 1:50.000, respectivamente. Já os parâmetros geotécnicos, coesão, ângulo de atrito interno e peso específico do solo, foram obtidos por meio de coleta e ensaios de solos subsidiados pelo mapa geotécnico, elaborado com base na metodologia de Dias (1995). O modelo SHALSTAB então foi aplicado utilizando os mesmos parâmetros geotécnicos de entrada para as duas escalas analisadas. Os resultados do modelo indicam que para um profundidade de ruptura de 5 metros a escala 1:2.000 obteve um desempenho superior a escala 1:50.000, com 84% das cicatrizes de deslizamentos e marcas de rastejos inseridas nas classes incondicionalmente instáveis do modelo, que correspondem a 7% da área da bacia. O mapa das áreas instáveis produzidos com a escala 1:50.000 mapeou uma área maior dentro das classes instáveis, porém com menos acurácia. Pode-se inferir que na bacia do rio Forquilhas tal fato está associado aos baixos valores de ângulo de atrito dos solos da encosta combinados à predominância de relevo com declividade próxima destes valores e à generalização do relevo proporcionando maiores valores de área de contribuição por comprimento de contorno ao longo do terço médio e inferior das encostas. Com esses resultados é possível afirmar que os mapas em escala grande oferecem o amparo técnico e consequentemente jurídico necessários aos processos de tomada de decisão nos assuntos referentes ao planejamento e gestão territorial, gestão do uso e ocupação do solo, incluindo a resolução de conflitos fundiários, servindo de embasamento para dar respostas com segurança aos rigores estabelecidos na legislação.