Revista Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde (Dec 2023)

Delineamento de infecções em um hospital universitário por bactérias produtoras de metalobetalactamases: mapeando o inimigo!

  • Henry Campos REIS,
  • Antonio Gutierry DE MELO,
  • Francisco Lennon ROSA,
  • Vladmir Nascimento ARAGÃO,
  • Ruth Maria OLIVEIRA,
  • Evelyne Santana GIRÃO,
  • Mateus Lavor LIRA,
  • Germana Perdigão AMARAL,
  • Jorge Luiz RODRIGUES

Journal volume & issue
Vol. 14, no. 4

Abstract

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Objetivo: determinar a prevalência e a mortalidade relacionada a infecções causadas por metalobetalactamases (MBL) e descrever o perfil epidemiológico, clínico e microbiológico dessas infecções e a terapêutica utilizada, em um hospital universitário do Ceará-BR, no período de 2021 e 2022. Método: foi realizado um estudo transversal, retrospectivo. Foi feita a coleta sistemática de dados de prontuários de pacientes internados no hospital, que foram, posteriormente, armazenados em um banco de dados. Foram incluídos todos os pacientes internados em leitos de enfermaria ou de UTI, que tiveram o diagnóstico de infecção com perfil de resistência ampliada, após 48 horas de internação. Os dados foram avaliados de acordo com sua frequência absoluta (n), frequência relativa (%) e medidas de tendência central. Resultados: A prevalência de infecções por MBL, entre todas com resistência ampliada, foi de 47,9%. A média de idade dos pacientes foi de 61,8 anos e o gênero masculino foi o mais acometido (65,8%). A área de internação com maior número de casos foi a Clínica Médica (20,3%). Em 40,5% dos casos, os pacientes estavam em uso de ventilação mecânica. A hemocultura foi o exame microbiológico mais prevalente (38%) no diagnóstico das infecções. As neoplasias foram a principal causa das internações dos pacientes (34%). A bactéria mais isolada foi a Klebsiella pneumoniae (65,8%) e o gene de resistência prevalente foi o New Delhi Metalobetalactamase (NDM), estando presente em 77,2% dos casos. Os isolados se mostraram resistentes a quase todos os antimicrobianos (ATMs) testados. Os ATMs mais capazes de combater essas infecções in vitro foram a colistina, a gentamicina e a amicacina. A polimixina B foi o ATM mais utilizado, compondo, total ou parcialmente, o tratamento de 41,8% dos pacientes. A taxa de mortalidade foi de 43%. Com isso, relatamos, de forma inédita, a presença de bactérias produtoras de MBL no Ceará, com elevada prevalência e mortalidade. Conclusão: Nossos resultados apontam para o esgotamento das opções terapêuticas contra esses patógenos e para a urgência de buscar novos tratamentos.