Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)

CARACTERIZAÇÃO DE ANAFILOTOXINAS EM PACIENTES COM ANEMIA FALCIFORME EM CRISE VASO-OCLUSIVA

  • S Dias,
  • AL Silva-Junior,
  • NP Garcia,
  • EC Cardoso,
  • AM Tarragô,
  • NA Fraiji,
  • EV Paula,
  • AG Costa,
  • A Malheiro

Journal volume & issue
Vol. 43
p. S18

Abstract

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Objetivos: A anemia falciforme é uma doença genética inflamatória crônica causada pela substituição da hemoglobina A pela hemoglobina S. Esse quadro leva à produção de mediadores inflamatórios, como o sistema complemento, que podem estar relacionados à condição clínica dos pacientes. Assim, fez-se necessário avaliar a concentração das anafilotoxinas dentro dos aspectos clínicos nestes pacientes. Material e métodos: Foram utilizadas amostras de plasma de pacientes com anemia falciforme: 27 em estado estacionário (EE) e 22 em crise vaso-oclusiva (CVO), além de 53 amostras de doadores saudáveis (DS). O grupo CVO foi acompanhado no período de 90 dias após a recuperação da crise, descritos como convalescentes (CV). Realizou-se a técnica de Cytometric Bead Array com o kit The BD™CBA Human Anaphylatoxin para a quantificação das anafilotoxinas C3a, C4a e C5a, analisados pelo software FCAP Array v.3.0, e a concentração dos analitos foi dada em pg/mL. A análise dos dados foi realizada no software GraphPadPrism v.5.0, com os testes Kruskal-Wallis e pós-teste de Múltiplas Comparações de Dunn. Para análise pareada entre os indivíduos do grupo CVO e CV, foi empregado o teste de Wilcoxon. Para todas as análises foi considerado intervalo de confiança de 95% e valor de p significativo quando p < 0.05. Resultados: Para os dados sociodemográficos não foi identificada diferença estatística entre os grupos. Já para as anafilotoxinas foi observada maior concentração das C3a e C4a no grupo EE em comparação ao grupo DS. Já quanto ao grupo CVO, foi identificada menor concentração dos níveis de C4a e C5a, em comparação ao grupo EE. Na análise pareada entre os grupos CVO e CV, não foi observada alteração significativa. Discussão: Os resultados encontrados descrevem a ativação do sistema complemento nos pacientes falciformes, onde é possível observar a ativação da via clássica do complemento de maneira crônica, que pode estar relacionado com o desenvolvimento de vaso-oclusões e mudança do estado clínico. A participação de outros mediadores inflamatórios pode acabar contribuindo com a taxa de clivagem, e consequentemente, induzir a um perfil inflamatório mais exacerbado. Conclusão: Os dados deste estudo demostram maior grau de ativação da via clássica em pacientes sem sintomas graves, o que pode estar voltado ao agravamento da condição clínica. Poucos estudos são voltados para compreender a participação do sistema complemento em doenças hemolíticas, e assim, mais pesquisas são necessários para avaliar outros parâmetros e descrever sua relação com aspectos imunológicos e clínicos.