Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)
ESTUDO DE DOADORES COM TESTE DE ÁCIDO NUCLEICO ALTERADO PARA HEPATITE B, C E HIV E CORRELAÇÃO COM SOROLOGIA
Abstract
Introdução: Uma das maiores preocupações relacionadas à segurança transfusional é a possibilidade de transmissão de doenças através do sangue transfundido, entre as quais se encontram as hepatites B, C e o HIV. Candidatos à doação de sangue são submetidos à triagem sorológica e Teste de Ácido Nucléico (NAT), obrigatórios desde 2014 nos bancos de sangue. Objetivo: Estudar os doadores com NAT reagentes/inconclusivos para Hepatite B (HBV), Hepatite C (HCV) e HIV e correlacionar com sorologia reagente. Métodos: Estudo quantitativo, descritivo e retrospectivo realizado através da análise das informações em banco de dados de testes de NAT reagentes/inconclusivos para HBV, HCV e HIV de doadores voluntários de sangue, entre o período de janeiro de 2021 a julho de 2023, em postos de coleta do Grupo GSH. Resultados: Durante o período de avaliação foram realizadas 273.765 doações, entre as quais 351 (0,13%) doadores apresentaram NAT alterado. A alteração de NAT mais prevalente foi de HIV em 168 (47,87%) doadores, seguida de HBV em 121 (34,48%) doadores e HCV em 62 (17,65%) doadores. Tivemos apenas 1 (0,29%) caso de NAT reagente para HIV com sorologia não reagente (Anti-HIV) e 3 (0,86%) casos de NAT reagente para HBV com sorologia não reagente (AgHBs), representando portanto 4 (1,14%) casos no total de janela sorológica. Os doadores com NAT alterados foram: 264 (75,22%) do sexo masculino e 87 (24,78%) do sexo feminino; faixa etária: 92 (26,21%) doadores entre 18 e 29 anos, 106 (30,2%) doadores entre 30 a 39 anos, 94 (26,78%) doadores entre 40 a 49 anos, 44 (12,53%) doadores entre 50 e 59 anos e 15 (4,28%) doadores com mais de 60 anos de idade. Todos os doadores foram convocados, porém retornaram para repetição dos testes e orientação médica 120 (34,19%) doadores. Foram 67 (55,84%) doadores com NAT alterado para HIV; destes, apenas 1 negativou o NAT e mantinha sorologia não reagente, ou seja, confirmou NAT falso-positivo; 8 doadores com NAT HIV alterados tinham outras sorologias alteradas (sífilis e/ou anti-HBc). Retornaram 33 (27,5%) doadores com NAT alterado para HBV; destes, 2 doadores negativaram NAT, caracterizando falso positivo, com sorologias não reagentes para AgHBs e Anti-HBc; 31 mantinham sorologias de AgHbs e anti-HBc reagentes e 2 casos com associação de sorologia de sífilis alterada. Retornaram 20 (16,66%) doadores com NAT alterado para HCV, sendo que 1 caso negativou o NAT HCV, com sorologia anti HCV não reagente e 1 caso mantinha NAT HCV reagente com sorologia não reagente; 1 doador teve associado anti-HBc reagente. Conclusão: O avanço científico e tecnológico tem auxiliado no que se refere a redução dos riscos de transmissão de doenças infecto-contagiosas por transfusão sanguínea. O teste NAT teve um acréscimo significativo na pesquisa dos vírus para a segurança na liberação dos hemocomponentes. O teste foi introduzido nas rotinas de banco de sangue no intuito de reduzir o período da janela imunológica quando comparado aos testes sorológicos.