Cadernos de Saúde Pública (Sep 1993)
Doença e Tempo Illness and Time
Abstract
Trata-se de um ensaio que procura estabelecer a propriedade da questão: "Faz sentido conceber a doença como um fenômeno que transcende as categorias da representação?" Destaca-se uma correspondência entre os fenômenos da representação e da espacialização. Representar passa a ser a atividade de definir uma trajetória que admite uma cronologia temporal de referência, onde um certo fenômeno é apresentado. O paradigma que define a "Anátomo-Clínica" e a Epidemiologia é considerado por nós como uma forma de representação ou espacialização da doença. Conclui-se ser possível o acesso a algo que se denomina "adoecer", que transcende a representação "Anátomo-Clínica" e epidemiológica, desde que, para tal, se admita a possibilidade de o conhecimento poder ser, também, construído fora do espaço, isto é, no tempo não-cronológico.This paper attempts to establish the appropriateness of the question: "Does it make sense to conceive of illness as a phenomenon that transcends categories of representation?" A correspondence between the phenomena of representation and spatialization can be identified. Representation in this sense is the definition of a pathway that allows for chronological reference, in which a certain phenomenon is presented. We consider the paradigm that defines the Anatomical-Clinical domain and Epidemiology as a form of representation or spatialization of illness. We conclude that it is possible to approach the process called "becoming ill", which trancends anatomical-clinical and epidemiological representation, provided that we admit the possibility of constructing knowledge beyond space, i.e., in non-chronological time.
Keywords