Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental (Dec 2022)

O que se desvela com a rotação do espelho? Da formação do eu à sensação do desejo do Outro

  • Luciana Ribeiro Marques,
  • Sonia Alberti,
  • Priscila Mählmann Muniz Dantas

DOI
https://doi.org/10.1590/1415-4714.2022v25n3p533.3
Journal volume & issue
Vol. 25, no. 3
pp. 533 – 559

Abstract

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Com base no esquema óptico, proposto por Lacan para identificar a formação do eu na constituição do sujeito, esta pesquisa teórico-clínica levanta a seguinte hipótese: a rotação do espelho plano desvela a fragilidade do eu. O espelho plano introduz, na formação do eu, a alteridade que parte da concepção do Outro em Lacan. Como Freud já havia conceituado, o eu é uma superfície advinda do investimento libidinal a partir da relação do infans com o Outro, substituindo-se à experiência original do corpo despedaçado. Todavia, tal despedaçamento não desaparece no engodo produzido nessa substituição, e quando se desvela, pode lançar o sujeito na angústia. Nossa vinheta clínica visa provocar a discussão que o percurso teórico advindo dessa questão suscita: quando a angústia — como sensação do desejo do Outro —, emerge para, o sujeito espatifando a imagem; ou melho, como diz nosso jovem sujeito, “espaguetificando” o eu.

Keywords