Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)
INAPTIDÃO NA TRIAGEM SOROLÓGICA: UMA ANÁLISE COMPARATIVA NA POPULAÇÃO DE DOADORES EM SERGIPE ENTRE 2018 A 2022, COM DESTAQUE PARA POSITIVIDADE DE SÍFILIS
Abstract
Objetivos: Analisar o perfil de inaptidão na triagem sorológica dos doadores de sangue de Sergipe nos anos de 2018 a 2022. Materiais e métodos: Estudo descritivo exploratório retrospectivo, secundário a utilização de dados de doadores de sangue, disponíveis no Centro de Hemoterapia de Sergipe nos anos de 2018 a 2022. Resultados: No intervalo de 2018 a 2022 foram registradas 121.932 doações no HEMOSE, com 4.551 (3,73%) bolsas de sangue bloqueadas por inaptidão na triagem sorológica, sendo os teste para sífilis, anti-HBc e HBsAg os responsáveis pelos maiores índices de positividade (37,88%, 28,32% e 11,16%, respectivamente). No ano de 2018, com 25.045 doações registradas, 931 testes de triagem sorológicas foram reagentes, representando 3,72% de inaptidão sorológica, com destaque para sífilis (42,96%), anti-HBc (37,16%) e HBsAg (10,74%). No ano de 2019, com 25.797 doações registradas, 1.057 testes sorológicos foram positivos, representando 4,10% de inaptidão sorológica, com destaque para sífilis (34,62%), anti-HBc (29,80%) e HBsAg (22,13%). No ano de 2020, com 21.883 doações registradas, 760 testes de triagem sorológica foram reagentes, representando 3,47% de inaptidão sorológica, com destaque para Sífilis (31,71%), Anti-HBc (30,39%) e HBsAg (12,63%). No ano de 2021, com 23.883 doações registradas, 750 testes de triagem foram reagentes, representando 3,47% de inaptidão sorológica, com destaque sífilis (34,66%), anti-HBc (33,06%) e HIV (7,86%). No ano de 2022, com 25.324 doações registradas, 1.053 testes de triagem foram reagentes, representando 4,16% de inaptidão sorológica, com destaque para sífilis (43,39%), anti-HBc (14,15%) e anti-HCV (11,01%). Discussão: A sífilis, responsável pela maior inaptidão sorológica dos doadores de sangue no período analisado, é uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria Treponema pallidum, transmitida pela via vertical, sexual e hematogênica. Segundo dados do Ministério Saúde, essa infecção aumentou 16 vezes entre os anos de 2010 e 2021 no Brasil e foi responsável por 10.474 casos (4.698 adquiridos, 3637 gestacionais, 2139 congênitos) nos últimos 5 anos em Sergipe, com aumento expressivo em 2021 e 2022 (46% do total) o que corrobora com o resultado do estudo que evidenciou maior prevalência nos dois últimos anos (41,6% do total). Observamos também uma queda das sorologias para hepatite B em 2022 com aumento da percentagem de sorologia para hepatite C. Conclusão: Os testes de triagem sorológica, realizados no processo de doação de sangue, constituem não só uma importante barreira de proteção para detecção de infecções transmitidas pelo sangue, como também um importante indicador das mudanças epidemiológicas. O resultado do estudo evidencia um aumento considerável de casos de sífilis na triagem sorológica de doadores de sangue, o que reflete o aumento de casos, segundo o Ministério da Saúde, no estado de Sergipe, com destaque para os anos de 2021 e 2022.