Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (Mar 2015)

Treino do bacio: estudo observacional numa amostra de crianças saudáveis entre os 18 e os 42 meses

  • Ângela Pereira,
  • Jean-Pierre Gonçalves,
  • Ângela Oliveira,
  • Liliana Abreu,
  • Manuela Costa Alves,
  • Aparício Braga,
  • Sofia Martins

DOI
https://doi.org/10.32385/rpmgf.v31i2.11465
Journal volume & issue
Vol. 31, no. 2

Abstract

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Introdução: O treino do bacio (TB) ou controlo de esfíncteres é uma etapa importante no desenvolvimento infantil. Existem poucos estudos e diretrizes sobre esta temática e, da pesquisa bibliográfica efetuada, não há dados epidemiológicos nacionais. Este estudo pretende descrever o processo do TB numa amostra de crianças portuguesas, determinando variáveis biológicas, sociais e económicas envolvidas e métodos aplicados. Metodologia: Efetuado um estudo transversal, observacional e analítico, selecionando uma amostra de conveniência na consulta de saúde infantil e juvenil de três centros de saúde. Recolhemos os dados através de um questionário aos pais de crianças entre 18 e 42 meses (M). Excluímos patologias crónicas que interfiram na aquisição de controlo de esfíncteres, gémeos ou dados insuficientes. Resultados: Foram realizados inquéritos aos pais de 83 crianças com idades compreendidas entre 18M e 42M, das quais 24 não deram início ao TB. Das 59 restantes, 31 eram rapazes e a média de idades 31M [desvio-padrão (DP)=9]. A idade média de início e término do TB foi 22M (DP=7) e 27M (DP=7), respetivamente (mais cedo nas raparigas). Crianças do meio rural, filhos de mães empregadas e com escolaridade ≤ 5 anos iniciaram o TB mais cedo. No total, 20 completaram o TB, após uma duração em média de 3M (mediana 2M [0-16M]). O grupo que iniciou mais cedo completou com menor idade o TB (p = 0,005); contudo, a duração até aquisição de controlo de esfíncteres foi maior (p = 0,046). Os métodos aplicados mais vezes pelos cuidadores foram reforço positivo e mostrar exemplos. Conclusões: A transição para TB apresenta grande variabilidade de fatores; nesta amostra, crianças do sexo feminino, filhos de mães empregadas e com menos instrução académica, a viver em meio rural, iniciaram o TB mais cedo. Existiu uma diferença estatisticamente significativa entre iniciar o TB com menor idade e a aquisição de controlo de esfíncteres mais precoce, mas também com maior duração do TB.

Keywords