Revista Brasileira de Reumatologia (Aug 2010)

Comprometimento da habilidade verbal no lúpus eritematoso sistêmico juvenil Verbal ability impairment in juvenil e systemic lupus erythematosus

  • Maria Carolina dos Santos,
  • Eunice Mitiko Okuda,
  • Marcos Vinícius Ronchezel,
  • Elaine Pires Leon,
  • Vilma S Trindade,
  • Wanda Alves Bastos,
  • Silvana B Sacchetti

DOI
https://doi.org/10.1590/S0482-50042010000400003
Journal volume & issue
Vol. 50, no. 4
pp. 362 – 367

Abstract

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INTRODUÇÃO/OBJETIVO: Avaliar a frequência do comprometimento da habilidade verbal e possíveis fatores associados em pacientes portadores de Lúpus Eritematoso Sistêmico Juvenil (LESJ). PACIENTES E MÉTODOS: Estudo transversal de 36 crianças e adolescentes com LESJ, de um grupo de 57 pacientes, do Ambulatório de Reumatologia do Departamento de Pediatria e Clínica Médica da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Por ocasião do diagnóstico e do estudo, foram analisados aspectos epidemiológicos, clínicos, socioeconômicos e de escolaridade. Os pacientes foram submetidos a testes cognitivos e exames laboratoriais, e foram avaliadas medidas de atividade da doença (SLEDAI) e do dano cumulativo (SLICC-DI) e o tratamento com corticoesteroide. Os pacientes foram submetidos a testes cognitivos (escalas Weschler de inteligência: WISC III e WAISS III), e os resultados foram avaliados de acordo com os aspectos epidemiológicos, clínicos, laboratoriais e terapêuticos. RESULTADOS: A média de idade ao diagnóstico foi de 11,2 ± 2 anos, a idade na época do estudo de 15,4 ± 4,7 anos, com 89% do sexo feminino. Houve predomínio de pacientes da classe socioeconômica C (61,1%). O comprometimento cognitivo detectado nesses pacientes foi frequente (58,3%), sendo o comprometimento da habilidade verbal um dos domínios cognitivos mais constantes. Encontrou-se associação do comprometimento da habilidade verbal com baixa condição socioeconômica e dano cumulativo (P 0,05). CONCLUSÕES: Alteração da habilidade verbal é frequente no LESJ e está associada à condição socioeconômica e ao dano cumulativo, devendo ser suspeitada e investigada, principalmente por se tratar de pacientes pediátricos, para que não haja comprometimento da qualidade de vida na fase adulta. Como não está relacionado à atividade da doença ou à presença de autoanticorpos, deve ser sempre avaliado na presença ou não desses fatores. Da mesma forma, deve-se avaliar independentemente das doses de corticoesteroide por não haver associação.INTRODUCTION/OBJECTIVE: Evaluate the frequency of verbal ability impairment and associated factors in patients with juvenile systemic lupus erythematosus (JSLE). PATIENTS AND METHODS: Cross sectional study of 36 children and adolescents with JSLE of a group of 57 patients at the Clinic of Rheumatology, Department of Pediatrics and Medical Clinic of Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. At the time of diagnosis and study, we analyzed the following epidemiological features: clinical, socioeconomic, and educational level. Patients underwent cognitive and laboratory tests and we assessed disease activity (SLEDAI), cumulative damage (SLICC-DI), and treatment with corticosteroids. The patients underwent cognitive tests (Wechsler Intelligence Scales: WISC III and Waiss III), and the results were evaluated according to epidemiological, clinical, laboratory and treatment features. RESULTS: The mean age at diagnosis was 11.2 ± 2 years and at the time of the study the mean age was 15.4 ± 4.7 years. There was predominance of women (89%) and of socioeconomic class C patients (61.1%). The cognitive impairment found in these patients was frequent (58.3%), affecting more often the verbal ability. We found association of verbal ability impairment with low socioeconomic status and cumulative damage (P 0.05). CONCLUSIONS: Change in verbal ability is frequent in JSLE and is associated with socioeconomic status and cumulative damage, and should be suspected and investigated, particularly in pediatric patients to avoid quality of life impairment in adulthood. As it is not related with disease activity or presence of autoantibodies, it should always be assessed in the presence or absence of these factors. Likewise, the doses of corticosteroids should be independently evaluated.

Keywords