Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

REAÇÃO LEUCEMÓIDE SECUNDÁRIA À INFECÇÃO: RELATO DE CASO

  • BR Campos,
  • DL Queiroz,
  • GE Dresch,
  • MVL Stela,
  • MA Souza,
  • TT Andrighetti,
  • MAF Chaves,
  • MF Barros

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S131 – S132

Abstract

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Introdução: A reação leucemóide é uma condição hematológica caracterizada por um aumento acentuado e reativo na contagem de leucócitos no sangue periférico, definido por uma contagem de leucócitos superior a 25.000/mm3. Ao contrário da leucemia, a reação leucemóide é uma resposta benigna e reativa a uma variedade de estímulos. É frequentemente observado em resposta a infecções graves, inflamação, estresse fisiológico ou certos distúrbios hematológicos. Este estudo visa relatar um caso clínico de reação leucemóide, discutindo suas características, diagnóstico diferencial e importância. Caso clínico: F.S.P, sexo feminino, 85 anos, deu entrada ao serviço de emergência de um hospital universitário com histórico de tosse secretiva de coloração esverdeada, coriza e dispneia a esforços moderados. Na admissão iniciou com dor torácica em queimação, de forte intensidade, sem irradiação, sem fatores de melhora ou piora, associada a dispneia aos mínimos esforços. Eletrocardiograma realizado, com supra de ST de V1-V3, realizado AAS 300 mg, clopidogrel 300 mg, nitroglicerina 2 mL/hr e solicitado exames laboratoriais. Hemograma com contagem de leucócitos de 47.400/mm3, presença de granulação tóxica e neutrofilia com desvio à esquerda. Nos dias seguintes, a paciente desenvolveu uma disfunção renal e importante leucocitose, atingindo uma contagem de 119.900/mm3, com acentuado desvio a esquerda (8 mielócitos, 5 metamielócitos, 5 bastões, 62 segmentados), episódio febril, acidose respiratória, creatinina, ureia e potássio elevados e cultura positiva de secreção traqueal para Pseudomonas aeruginosa. A paciente evoluiu com PCR e após foi constatado óbito. Discussão: A reação leucemóide é normalmente uma resposta a um processo infeccioso, com resposta escalonada e policlonal. No hemograma, raramente há presença de eosinófilos, e a enzima fosfatase alcalina está presente nas células granulocíticas. Reações leucêmicas com mais de 50.000/mm3 levam a um risco iminente de choque séptico. Por outro lado, a leucemia é uma doença hematopoética, apresenta hiato leucêmico, resposta monoclonal e eritrócitos e plaquetas alteradas. Há eosinófilos no hemograma e a fosfatase alcalina é negativa. Conclusão: O presente caso, evidencia uma reação leucemóide correlacionada a um quadro de infecção bacteriana. É de extrema importância o reconhecimento correto desta condição, pois evita o diagnóstico equivocado de leucemias, que podem levar a tratamento agressivos e desnecessários e permite o direcionamento adequado da investigação etiológica para identificar e tratar a causa subjacente. Além disso, o estudo da reação leucemóide é essencial para aprimorar a precisão diagnóstica, aprofundar a compreensão dos mecanismos imunológicos e hematopoiéticos que regem a resposta do organismo a estímulos patológicos e contribui para o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas e de manejo clínico.