Arquivos de Neuro-Psiquiatria (Dec 1996)
Demência na doença de Parkinson: avaliação crítica da literatura Dementia in Parkinson's disease: a critical review of literature
Abstract
Nos últimos trinta anos, avançou-se muito nos conhecimentos sobre a doença de Parkinson. A maioria dos pacientes consegue ter uma vida com qualidade por maior período de tempo com a moderna terapêutica oferecida. No entanto, a demência que pode ocorrer no processo evolutivo ainda não tem os aspectos neuropatológicos totalmente definidos. Sabemos que há alterações nos núcleos da base, na área ventral do tegmento mesencefálico, no tálamo, na substância negra e no córtex frontal. A presença dos corpúsculos de Lewy corticais tem sido associada à demência, da mesma forma que as alterações neuropatológicas da doença de Alzheimer, em alguns casos. O mais provável é que sua base seja multifatorial. Neurotransmissores diferentes, como a serotonina, a acetilcolina e a dopamina ou, ainda, hormônios como o cortisol, estão alterados quantitativamente em grande número de parkinsonianos demenciados. Encontrada em até 40% dos pacientes, a depressão do parkinsoniano já foi relacionada como fator predisponente à demência, presente em aproximadamente 25% destes. Pesquisas nessa área continuam conflitantes, afirmando, alguns, que há relação entre depressão, atrofia cortical, hipercortisolemia e doença de Parkinson. Os estudos neuropsicológicos indicam que a demência na doença de Parkinson é do tipo subcortical ou fronto-límbica. Sabe-se, também, que parkinsonianos sem distúrbios cognitivos clinicamente expressivos apresentam deficiências quando submetidos a testagens neuropsicológicas mais rígidas. Admite-se que os distúrbios cognitivos fazem parte do quadro clínico dessa doença, variando sua expressão entre os pacientes. Para o diagnóstico da demência, recomendam-se os critérios estabelecidos pela Associação Americana de Psiquiatria, publicados no seu manual de estatística e doenças mentais, assim como os métodos de neuroimagem. No que se refere ao tratamento, o quadro demencial parkinsoniano, até o momento, não reconhece agentes eficazes.In the last 30 years, Parkinson's disease has been object of great progress. The majority of patients reaches a longer life with quality because of the modern therapeutic approach. However, dementia that can occur in the evolutive process, has its neuropathology not completelly defined until now. There are lesions in the basal ganglia, in the ventral area of the mesencephalic tegmentum, in the thalamus, in the substantia nigra and in the frontal cortex. The presence of Lewy bodies in the cortex is associated with dementia, in the same way that the anatomopathological features of Alzheimer's disease, in many cases. Dementia should have a multifactorial basis. Different types of neurotransmitters, like serotonin, acetylcholine and dopamine, or even hormones, like Cortisol, may be altered in a great number of demented parkinsonians. Depression, found in up to 40% of patients, have been related as a risk factor for dementia, present approximatelly in 25% of cases. Studies in this area are still conflicting, with some confirming the relation among depression, cortical atrophy, hypercortisolemia and Parkinson's disease. Neuropsychologic studies show that the dementia in Parkinson's disease is of subcortical type. It is also known that parkinsonians, even those without cognitive deficiencies clinically significant, present deficits if submitted to more detailed neuropsychological tests. It is assumed, so, that cognitive impairments are intrinsic to the disease, varying its expression among patients. Dementia shall be diagnosed based on the criteria established in the diagnostic and statistical manual of mental disorders of the American Psychiatry Association, as well as computed tomography and magnetic resonance. For treatment, parkinsonian dementia does not recognize efficacious agents until now.
Keywords