Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)

PREVALÊNCIA DE ALOIMUNIZAÇÃO ERITROCITÁRIA EM PACIENTES ONCOLÓGICOS EM UM HOSPITAL MUNICIPAL DE ALTA COMPLEXIDADE DE SÃO PAULO

  • PS Batista,
  • CY Nakazawa,
  • TAO Paula

Journal volume & issue
Vol. 43
p. S328

Abstract

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Introdução: A aloimunização eritrocitária é uma resposta imunológica contra antígenos eritrocitários estranhos, que geralmente ocorre devido à sensibilização em transfusões sanguíneas e gestações. Dentre os aloanticorpos antieritrocitários, os dirigidos contra antígenos do sistema Rh, Kell, Kidd e Duffy possuem maior importância clínica, por apresentarem reatividade a 37°C provocando hemólise no receptor de sangue e no feto ou recém-nascido. Este estudo relata a prevalência da aloimunização em pacientes com doenças oncológicas no Hospital Municipal Vila Santa Catarina (HMVSC). Objetivos: Determinar a incidência dos anticorpos eritrocitários em pacientes com doenças oncológicas. Material e métodos: Foram analisados retrospectivamente os resultados positivos das pesquisas de anticorpos irregulares (PAI) de 78 pacientes com alguma doença oncológica, por meio de busca no banco de dados do HMVSC, no período de janeiro de 2019 a junho de 2021. As seguintes variáveis analisadas foram: gênero, idade, especificidade do anticorpo, associação de anticorpos irregulares e diagnóstico. Resultados: Dos 78 pacientes com PAI positivo, foram identificados 96 anticorpos, dos quais 42 (43,8%) eram associados ao sistema Rh, 11 (11,5%) anticorpos frios, 10 (10,4%) Lewis, 10 (10,4%) autoanticorpos, 9 (9,4%) MNS, 5 (5,2%) Kell, 5 (5,2%) Kidd, 2 (2,1%) Dia, 1 (1%) anti-HTLA e 1 (1%) anticorpo não identificado. Destes 64 (82,1%) pacientes desenvolveram anticorpos únicos e 14 (17,4%) desenvolveram múltiplos anticorpos irregulares antieritrocitários e/ou associados a autoanticorpos. Os anticorpos únicos mais prevalentes encontrados foram: Sistema Rh (21,9%), Kell (4,2%) e Kidd (3,1%). As combinações mais frequentes foram encontradas dentro das especificidades de anticorpos direcionados ao sistema Rh, Kell e Kidd. Dez (10,4%) pacientes apresentaram autoanticorpo. Uma maior proporção de aloimunizados foi encontrada entre os pacientes com diagnóstico oncológico gastroinstestinal (14,1%), hematológico (12,8%), urológico (11,5%), hepatobiliar (11,5%), próstata (10,3%) e ginecológico (9,0%). Não foi observado diferença nos índices de aloimunização quando ao gênero e a idade. Discussão: Este estudo retrospectivo foi conduzido a fim de determinar a incidência de aloimunização eritrocitária em pacientes oncológicos. Observou-se que, dos 78 pacientes com resultado de PAI positivo, 64 (82,1%) pacientes desenvolveram anticorpos únicos e 14 (17,4%) desenvolveram múltiplos anticorpos irregulares antieritrocitários e/ou associados a autoanticorpos. A maior ocorrência de aloanticorpos foi contra determinados antígenos dos sistemas Rh e Kell, sendo concordante com os dados da literatura, por se tratar de antígenos fortemente imunogênicos. Os autoanticorpos foram identificados em 10,4% dos pacientes analisados. Conclusão: Pacientes com doenças oncológicas geralmente são submetidos a terapia transfusional, aumentando assim a probabilidade de formação de aloanticorpos eritrocitários isolados ou em combinação e autoanticorpos. Os anticorpos mais produzidos na aloimunização destes pacientes foram dirigidos contra antígenos do sistema Rh e Kell, e nossos achados são consistentes com a literatura.