Cadernos de Saúde Pública ()

A profissão médica em questão (1922): dimensão histórica e sociológica

  • André de F. Pereira-Neto

Journal volume & issue
Vol. 11, no. 4
pp. 600 – 615

Abstract

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Uma profissão pode se tornar um objeto de estudo histórico ou sociológico? No nosso entender este empreendimento só é possível se conseguirmos escapar do significado comum da palavra profissão e passarmos a atribuir-lhe um estatuto conceptual. Acompanhando esta preocupação, apresentaremos parte dos postulados teóricos, introduzidos por alguns sociólogos norte-americanos que procuraram definir conceitualmente uma profissão diferenciando a de uma ocupação. Interessa-nos identificar como o domínio do conhecimento e o controle do mercado de trabalho se inserem nesta formulação. Utilizaremos estas referências para analisar um caso específico: A profissão médica. Em um espaço particular: o Brasil. Em uma conjuntura histórica definida: o início do século XX, particularmente no "Congresso Nacional dos Práticos" (1922). A partir desta análise empírica, de cunho histórico, pretendemos fazer três considerações acerca da concepção teórica que nos serviu de referência: A primeira se refere à heterogeneidade constitutiva de um corpo profissional. A segunda diz respeito à historicidade do processo de profissionalização. Finalmente tratamos de refletir acerca da coerção como instrumento de eliminação do concorrente e de afirmação do profissional no mercado. Esperamos que este breve artigo, de caráter meramente introdutório, seja capaz de demonstrar que o estudo histórico e sociológico sobre a profissão médica é legítimo, relevante e extremamente oportuno.

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