Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (May 2012)

Desparasitação intestinal sistemática em idade pediátrica: Uma revisão baseada na evidência

  • Vanessa Xavier,
  • Brenda Domingues,
  • Teresa Marcos

DOI
https://doi.org/10.32385/rpmgf.v28i3.10940
Journal volume & issue
Vol. 28, no. 3

Abstract

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Objectivos: Determinar se a desparasitação intestinal sistemática com anti-helmínticos, em idade pediátrica, influencia o desenvolvimento estaturo-ponderal, cognitivo, o aproveitamento escolar e a morbimortalidade. Fontes de Dados: Base de dados Medline, sítios electrónicos de Medicina Baseada na Evidência e publicações da Organização Mundial de Saúde. Métodos de revisão: Pesquisa de artigos utilizando os termos MeSH albendazole, mebendazole e pyrantel pamoate, publicados entre Janeiro de 2000 e Março de 2011. Foram incluídas citações relacionadas. Foi utilizada a escala de Jadad, para avaliar a robustez metodológica dos ensaios clínicos, e a escala Strength of Recommendation Taxonomy da American Family Physician, para a avaliação da qualidade dos estudos e estabelecer a força de recomendação. Resultados: Da pesquisa obtiveram-se 746 artigos, 12 preencheram os critérios de inclusão: três revisões sistemáticas, uma meta-análise, quatro ensaios clínicos e quatro normas de orientação clínica. Nas crianças residentes em países com uma prevalência de parasitose intestinal elevada a desparasitação revelou-se benéfica no desenvolvimento estaturo-ponderal. Não se encontrou evidência de benefício em relação ao desenvolvimento cognitivo ou ao aproveitamento escolar. Na avaliação do impacto sobre a morbilidade os resultados dos diferentes estudos são inconsistentes, no entanto parece haver uma melhoria nos níveis médios de hemoglobina, diminuição da incidência de anemia e de diarreia. Conclusões: Existe evidência científica de benefício da desparasitação intestinal sistemática, com anti-helmínticos, em crianças residentes em países com prevalência de parasitose intestinal por helmintas transmitidos pelo solo superior a 50% (SOR B). Em países com baixa prevalência, como Portugal, recomenda-se o tratamento individual baseado no diagnóstico de infecção (SOR C).

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