Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE LINFOMA NÃO HODGKIN NO ESTADO DO PARÁ

  • CVM Barbosa,
  • LSD Santos,
  • NS Azevedo,
  • MS Maia,
  • RB Tirapelle,
  • NFC Silva,
  • KOR Borges

Journal volume & issue
Vol. 45
p. S930

Abstract

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Objetivos: Caracterizar o perfil clínico-epidemiológico dos pacientes com linfoma não-Hodgkin na região do estado do Pará. Materiais e métodos: Trata-se de um estudo de caráter retrospectivo, transversal e descritivo, com abordagem quantitativa, realizado a partir de dados de 2013 a 2021 coletados do DATASUS. Foram utilizados os registros de diagnóstico de linfoma não-Hodgkin (LNH), designados conforme a Classificação Internacional de Doenças (C82, C83 e C85), no estado do Pará, agrupados segundo variáveis epidemiológicas (sexo e faixa etária) e clínicas (diagnóstico detalhado, modalidade terapêutica, tempo até o início do tratamento e estabelecimento de tratamento). Tais dados foram organizados no programa Microsoft Office Excel®2016 e analisados por meio de estatística descritiva. Resultados: Na população do estado do Pará, de 2013 a 2021, foram diagnosticados 749 casos de LNH, o que resultou em taxa de incidência anual média de um caso por 100.000 habitantes. A taxa de incidência média foi maior entre homens (1,1) do que entre mulheres (0,8). A faixa etária de 60 anos ou mais registrou a maior taxa de incidência média (3,8). Dentre os registros de residentes, diagnosticados e tratados no Pará (666), 70,9% tiveram como diagnóstico LNH difuso; 15%, LNH de outros tipos e tipos não especificados; e 14,1%, LNH folicular. As modalidades terapêuticas mais utilizadas foram a quimioterapia (90,2%) e a radioterapia (9,3%). Em relação ao intervalo de tempo decorrido da data do diagnóstico até o primeiro tratamento, 31,7% dos pacientes iniciaram a terapia oncológica em até 30 dias; 68,3%, após 30 dias. O Hospital Ophir Loyola foi a principal unidade de referência, atendendo a 68,8% dos diagnosticados, seguido pelo Hospital Regional do Baixo Amazonas Dr. Waldemar Penna (23,6%) e pelo Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (8,1%). Discussão: A superioridade numérica da incidência de LNH entre homens ainda é alvo de debates, mas pode ser atribuída a deficiências na vigilância imunológica, o que torna o sexo masculino mais vulnerável a mutações e infecções carcinogênicas. A alta incidência entre idosos, por sua vez, é esperada, por tratar-se de uma neoplasia associada ao envelhecimento. Destaca-se o predomínio do subtipo difuso entre os diagnósticos, uma forma comum e agressiva de LNH. O amplo uso de quimioterapia pode ser explicado por constituir uma ofensiva intensa e de vasto alcance na presença da neoplasia, sendo frequentemente complementada pela radioterapia. Chama a atenção o elevado percentual de pacientes que iniciaram o tratamento após 30 dias do diagnóstico, o que pode sugerir desarticulação na cadeia de referenciamento, desigualdades logísticas e de acesso e pode contribuir para um pior prognóstico. Conclusão: Constatou-se que, no Pará, o grupo relativamente mais afetado pelo LNH é formado por indivíduos do sexo masculino, com idade igual ou superior a 60 anos. Foram maioria aqueles diagnosticados com a forma difusa da doença, admitidos fora da janela temporal de até 30 dias para tratamento, submetidos à quimioterapia, tendo como unidade de referência hospitais da capital do estado.