Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Mar 1998)

Repercussão da monitorização fetal intraparto sobre os índices de operação cesariana Impact of intrapartum fetal monitoring on cesarean section rates

  • Edson N. Morais,
  • Patrícia Spara,
  • Fabrício M. Farias

DOI
https://doi.org/10.1590/S0100-72031998000200004
Journal volume & issue
Vol. 20, no. 2
pp. 77 – 81

Abstract

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A monitorização fetal eletrônica (MFE) tem sido o método mais amplamente utilizado para a vigilância fetal direta, especialmente durante o trabalho de parto. Na tentativa de elucidar o efeito da MFE sobre os índices de cesárea (IC), um estudo retrospectivo foi realizado no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). Estudamos dois grupos de pacientes perfazendo um total de 2.114 gestantes: um grupo (n=517) com MFE e outro (n=1.597) com ausculta intermitente (AI). No grupo MFE observamos um IC de 38,0%, contra 27,2% do grupo AI. Para todas as pacientes, o IC foi de 29,9%. O sofrimento fetal agudo foi a indicação mais comum de cesárea no grupo MFE (40,6%), ao passo que a cesárea prévia foi a terceira causa (10,1%). No grupo AI, o sofrimento fetal foi a terceira causa de cesárea (14,3%), ao passo que a cesárea prévia foi a indicação mais comum (32,4%). Baseados no presente estudo, acreditamos que a MFE não tem efeito, por si só, sobre as taxas de cesárea, se considerados todos os nascimentos no HUSM. Com uma educação adequada dos obstetras e uma correta interpretação dos traçados, a MFE não aumenta os índices de cesárea, ao contrário permite mais acuracidade na descrição das condições fetais intraparto.Electronic fetal heart rate monitoring (EFM) is the most widely used method of direct fetal surveillance especially during labor. In an attempt to elucidate the effect of EFM on cesarean section (CS) rates, a retrospective study was performed at the University Hospital of Santa Maria (HUSM). We studied two groups of patients, consisting of 2114 pregnant women: EFM group (n=517) and intermittent auscultation (IA) group (n=1597). In the EFM group we observed 38.0% of CS vs. 27.2% in the IA group. For all patients, the CS rate was 29.9%. Fetal distress was the most common indication for CS in the EFM group (40.6%), while previous CS was the third cause (10.1%). On the IA group, fetal distress was the third cause in CS (14.3%), while previous CS was the most common cause (32.4%). On the basis of this study, we believe that EFM has no effect in itself on cesarean section rates considering overall deliveries at HUSM. With proper education of the clinician and correct interpretation of the findings, EFM would not increase cesarean section rates, but rather should allow for a more accurate description of intrapartum fetal well-being.

Keywords