Cadernos de Saúde (Jan 2018)

Controlo da dor em pediatria - a experiência de utilização da mistura equimolar de protóxido de azoto

  • Catarina Alexandra Escobar,
  • Marta Silva,
  • Sofia Marques

DOI
https://doi.org/10.34632/cadernosdesaude.2019.5304
Journal volume & issue
Vol. 11, no. 1

Abstract

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Introdução: As intervenções de enfermagem no controlo da dor em pediatria são fundamentais para assegurar uma prestação de cuidados de qualidade. A implementação atempada de medidas não farmacológicas e farmacológicas para a gestão e controlo da dor na criança/jovem tem sido uma área de investimento de modo a promover uma experiência de hospitalização atraumática. Objetivo: Neste artigo pretende-se partilhar a experiência de utilização da Mistura Equimolar de Protóxido de Azoto e Oxigénio (MEOPA) num Serviço de Internamento de Pediatria, de um Hospital Nível II (médico-cirúrgico), salientando-se o seu processo de implementação e integração no contexto profissional. Materiais e Métodos: Recorreu-se a pesquisa bibliográfica e procedeu-se ao estudo das práticas associadas à experiência de sete anos (2013 a 2019) com MEOPA, incluindo a análise de: consumo de garrafas deste gás, intervenção do Enfermeiro na administração da MEOPA e uma amostra por conveniência de 54 crianças/jovens sujeitas à administração da MEOPA durante o internamento. Resultados: O consumo de garrafas da MEOPA foi crescente ao longo dos anos, sendo caracterizado por ser um recurso seguro, eficaz e de fácil utilização. A amostra das 54 crianças/jovens estudada foi constituída por 61% do sexo masculino, a mediana de idades foi de 8 anos (intervalo interquartil I25-75=[5; 13,5], alcance=[2; 17] anos). Os procedimentos que motivaram o recurso à administração da MEOPA consistiram em: cateterização venosa periférica (74%), colheita de sangue (24%) e realização de exames (2%). Em 86% das crianças/jovens a dor antes e após a realização do procedimento foi avaliada em zero. Cerca de 14% das crianças/jovens apresentava dor prévia, com mediana de 3,5 na escala de dor (I25-75=[2; 4,75], alcance=[2; 7]) e após a realização do procedimento reavaliou-se a dor obtendo-se uma mediana de 1(I25-75=[1], alcance=[0;1]). Relativamente ao tempo de administração da MEOPA correspondeu em 61% a um tempo menor ou igual a 10 minutos, 31% entre 10 a 20 minutos, 6% entre 20 a 30 minutos e 2% entre 30 a 40 minutos. Os efeitos secundários ocorreram em 2%, observando-se sensação de lipotimia, com rápida resolução. Conclusão: A integração da administração da MEOPA como estratégia de minimização da dor e ansiedade associadas a procedimentos é considerada como uma medida que traduz uma abordagem atraumática e espelha uma filosofia do cuidar pediátrico, que assenta no respeito dos Direitos da Criança Hospitalizada.

Keywords