Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

HEMATOLOGIA NA ATENÇÃO BÁSICA - O QUE O CLÍNICO PRECISA SABER? ANÁLISE RETROSPECTIVA DE ENCAMINHAMENTOS DA ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE PARA UM AMBULATÓRIO DIDÁTICO DE HEMATOLOGIA

  • PJ Maringelli,
  • APV Wendriner,
  • MMR Konishi,
  • LFF Marins,
  • LP Andrade,
  • LAPC Lage,
  • J Pereira,
  • RO Costa

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S1072 – S1073

Abstract

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Objetivos: O estudo visa avaliar retrospectivamente os encaminhamentos da atenção primária de saúde (APS) para a hematologia, tentando identificar padrões de encaminhamento, avaliar a complexidade do diagnóstico, e propor melhorias no processo. Material e métodos: Estudo retrospectivo de dados de prontuário dos casos encaminhados da APS, fevereiro de 2023 a junho de 2024, para o ambulatorio de hematologia da Faculdade de Ciencias Medicas de Santos/UNILUS. Foram analisados dados epidemiológicos como idade, sexo, motivo do encaminhamento, natureza benigna ou maligna da doença suspeita e hipotese e/ou conclusão diagnostica. Resultados: Foram analisados 169 pacientes, 109 mulheres (64,50%) e 60 homens (35,50%), com idade mínima de 17 anos, máxima de 94 anos e média de 56,38 anos. Inicialmente, os pacientes foram divididos em 2 grupos: hematologia clássica (86,40%) e oncohematologia (13,60%). Todos os pacientes com neoplasia maligna foram alocados como doença de difícil manejo e necessidade de especialista. Na hematologia clássica, realocamos em doença de fácil manejo onde o diagnóstico e tratamento poderiam ser conduzidos na APS. O outro grupo, doenças de difícil manejo, o encaminhamento ao serviço de hematologia é justificável pois requer expertise/recursos não disponíveis na ASP. Após estratificação e analise, entendemos que 35,50% de nossa coorte eram casos de fácil manejo. Já as doenças de encaminhamento necessário ao especialista, representaram 64,50% da amostra. As doenças de mais fácil manejo foram representadas por anemias carenciais (deficiência de ferro sem anemia, anemia ferropriva, anemia megaloblástica, anemia multicarencial); anemias de doença crônica/inflamação (incluindo anemia da doença renal crônica e anemia da Insuficiência cardíaca), e traço falciforme. Observamos encaminhamentos por alteração laboratorial no hemograma como leucocitose reacional, linfopenia, pseudoplaquetopenia, e plaquetose cujo diagnóstico primário era bastante evidente. Como alteração de exame físico, recebemos um paciente purpura senil leve. As doenças de difícil manejo incluíam as anemias não alocadas acima, hemoglobinopatias (SS, SC, talassemia), neutropenia com infecção, coagulopatias, plaquetopenias sem causa aparente, SAF, trombofilia, PTI e poliglobulia. Embora tivéssemos alocado poliglobulia como difícil manejo, todos as poliglobulias tinham causa secundária aparente - tivemos grande dificuldade de acesso a exames como polissonografia e mutação do jak2 para retorno do paciente à APS com diagnóstico concluído. Discussão: A despeito da universalidade do SUS, o tempo de espera em consultas especializadas é longo. Desconhecemos fluxo definido na priorização do atendimento. Isto coloca todos os pacientes na mesma lista de espera. Observamos que parte significativa dos encaminhamentos são injustificáveis (35,5%). Preocupante, é a não otimização do acesso à recurso especializado, a sobrecarga do serviço, o tempo de espera no atendimento, e o preparo dos profissionais da APS para doenças de fácil manejo, como anemia carenciais, por exemplo. Felizmente, apenas 13,6% dos casos se tratava de doença oncohematológica. Conclusão: É necessário aprimorar o atendimento médico através da capacitação da equipe na APS, e otimizar os recursos através de fluxos de encaminhamento.