Revista Brasileira de Epidemiologia (Dec 2012)

Características sociodemográficas e indicadores operacionais de controle da tuberculose entre indígenas e não indígenas de Rondônia, Amazônia Ocidental, Brasil Sociodemographic features and operating indicators of tuberculosis control between indigenous and non-indigenous people of Rondônia, Western Amazon, Brazil

  • Jesem Douglas Yamall Orellana,
  • Maria Jacirema Ferreira Gonçalves,
  • Paulo Cesar Basta

Journal volume & issue
Vol. 15, no. 4
pp. 714 – 724

Abstract

Read online

Com a intenção de ampliar o conhecimento sobre a situação epidemiológica da tuberculose (TB) entre populações vulneráveis no Brasil, nosso objetivo foi analisar características sociodemográficas e indicadores operacionais referentes ao controle da TB, comparando indígenas e não indígenas em Rondônia. Realizou-se estudo epidemiológico descritivo e retrospectivo dos casos novos de TB notificados entre 01/01/1997 e 31/12/2006. Foram excluídos os registros duplicados e aqueles para os quais o desfecho foi mudança de diagnóstico e transferência. Os casos de TB foram classificados em duas categorias: indígenas e não indígenas, e foi realizada análise, segundo sexo, faixa etária, procedência (urbana/rural), UF de residência, forma clínica, exames diagnósticos, indicadores de acompanhamento e situação de encerramento. Ao todo foram identificadas 4.832 notificações, com 322 casos (6,7%) em indígenas. Houve predomínio no sexo masculino (razões: 1,7 em não indígenas e 1,3 em indígenas). A maioria das notificações em indígenas (82,6%) foi da zona rural e houve elevada concentração (36,0%) em menores de 15 anos. A análise dos exames realizados demonstrou predomínio de baciloscopias positivas em não indígenas (56,1%) e baciloscopias negativas e não realizadas entre indígenas (31,7% e 35,4%, respectivamente, P valor = 0,0001). Houve diferença no acompanhamento em relação à baciloscopia do 2º mês (6,1% de positividade, P valor = 0,0001) e no exame de pelo menos um contato (69,6%, P valor = 0,017) para não indígenas. Por outro lado, o tratamento supervisionado esteve mais associado aos casos indígenas (23,6%, P valor = 0,0001). Destaca-se o predomínio de cura em ambos os grupos, com maior concentração em indígenas (90,4%, P valor = 0,0001), e maior proporção de abandono em não indígenas (14,7%, P valor = 0,0001). A abordagem empregada mostrou-se útil para elucidar desigualdades e superou as usuais análises realizadas nos serviços de vigilância que visam delinear a situação epidemiológica da TB baseadas, apenas, em taxas ou valores absolutos.With the intention of improve knowledge on the epidemiological situation of tuberculosis (TB) among vulnerable populations in Brazil, our objective was to analyze sociodemographic characteristics and operational indicators related to TB control, comparing indigenous and non-indigenous people, in Rondônia. We conducted a retrospective and descriptive epidemiological study of new TB cases reported between 1997, January 1st and 2006, December 31st. We excluded duplicate records and those for whom the results of treatment was change in diagnosis and transfer. TB cases were classified into two categories: indigenous and non-indigenous people and analysis was performed according to sex, age, origin (urban /rural), State of residence, clinical form, diagnostic tests, monitoring indicators and results of treatment. Altogether 4832 cases were reported, with 322 cases (6.7%) in indigenous people. There was a male predominance (ratios: 1.7 to 1.3 in non-indigenous and indigenous people). The majority of cases for indigenous people (82.6%) was in rural area and there was high concentration of cases (36.0%) in children < 15 years. The analysis of diagnostic tests showed a predominance of smear positive in non-indigenous (56.1%) and smear negative and smear not performed in indigenous people (31.7% and 35.4% respectively, P value=0.0001). There was difference in the monitoring in relation to smear of second month (6.1% positivity, P value = 0.0001) and exam at least one contact (69.6%, P value = 0.017) for non-indigenous. On the other hand, DOTS was more associated with indigenous people cases (23.6%, P value = 0.0001). Stands out the predominance of cure in both groups, with bigger concentration in indigenous people (90.4%, P value = 0.0001) and higher rate of noncompliance in non-indigenous (14.7%, P value = 0.0001). The approach showed useful for elucidate inequalities and has exceeded the usual analysis carried out surveillance on services that aim to delineate the epidemiological situation based only on rates or absolute values.

Keywords