Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Jan 2023)

Relação entre Polifarmácia e características sociodemográficas e clínicas em Nonagenários e Centenários

  • Viviane Maura Rubert,
  • Fernanda Mambrini Só e Silva,
  • Rafaela Gageiro Luchesi Soares,
  • Isabella Knorr Velho,
  • Maria Cristina Werlang,
  • Ângelo José Gonçalves Bós

DOI
https://doi.org/10.22563/2525-7323.2022.v1.s1.p.35
Journal volume & issue
Vol. 7, no. s.1

Abstract

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Introdução: Os nonagenários e centenários apresentam multimorbidades necessitando, frequentemente, de 5 ou mais medicamentos (polifarmácia). Poucos estudos abordam a relação entre polifarmácia e as características sociodemográficas e clínicas em nonagenários e centenários. Objetivo: Estudar a relação entre polifarmácia e as características sociodemográficas e clínicas entre os nonagenários e centenários. Métodos: Análise da avaliação domiciliar (junho a novembro de 2016) de estudo descritivo, transversal com nonagenários e centenários aleatoriamente identificados em Porto Alegre, RS. Analisados os dados sociodemográficos e clínicos entre os grupos em (EP) e sem polifarmácia (SP) testados pelo Qui-quadrado (distribuição) e pelo t-Student (médias). O projeto foi aprovado e registrado no CAAE: 55906216.0.0000.5336. Dados analisados pelo Epi Info (7,4), p<0,05 foi significativo. Resultados: Foram avaliados 243 participantes, 163 (67%) eram EP, o mesmo percentual entre homens e mulheres (p=0,983), a média de idade entre os grupos foi semelhante (92 anos, p=0,597), A faixa etária com maior percentual de participantes EP foi os centenários (71%, p=0,864), a escolaridade média foi maior nos SP (6,4±4,18 anos de estudo) contra 5,9±4,58 anos para EP (p=0,237). Participantes residindo com cuidador (80%) ou familiar (68%) apresentaram percentuais maiores de EP que os que moravam sozinhos (54%, p=0,107). A autopercepção de visão não boa apresentou o maior percentual de EP (74%), sendo a relação significativa entre os grupos (p=0,091). Na relação entre polifarmácia e comorbidades, constatouse frequência elevada de EP entre os cardiopatas (78%, p=0,001), condições gástricas (77%, p=0,023), ansiedade (80%, p=0,041), condições respiratórias (83%, p=0,014), artropatia (77%, p=0,010), tireoidopatia (82%, p=0,025). Conclusão: Este trabalho oportunizou um olhar inédito sobre a polifarmácia entre nonagenários e centenários. Os fatores socioeconômicos mais importantes foram arranjo familiar e escolaridade. Viver sozinho e ter maior escolaridade foram protetores. Características clínicas foram significativas, destacando comorbidades que, nessa faixa etária, podem ser causa ou efeito da polifarmácia. Os resultados são relevantes para o conhecimento sobre a segurança do uso de medicamentos nessa faixa etária.