INTERthesis (May 2017)
A construção da memória social das produções artísticas na saúde mental pós reforma psiquiátrica no Brasil
Abstract
Desde a Reforma Psiquiátrica no Brasil, surgiram muitos grupos artístico-culturais na saúde mental que contribuem para a construção da participação sóciocultural da população atendida. A construção da memória dessas produções se dá em meio a disputas de sentido e inclui as dimensões ética, do trabalho e da invenção. O objetivo foi explorar o processo de construção da memória social das produções na interface arte e saúde mental no Brasil pós Reforma Psiquiátrica, compreender os embates sócio-históricos nas construções discursivas acerca dessas produções e investigar como essa memória pode redimensionar as concepções em arte, potencializar a diversidade cultural e dinamizar as representações sobre a loucura. Como método utilizou-se a revisão bibliográfica de artigos brasileiros utilizando descritores: arte, saúde mental, e cultura e uma análise das categorias de memória concebidas como trabalho e invenção. A memória dessas produções é utilizada como instrumento de transformação social e se faz através do trabalho de atores que, afetados pela potência transformadora dessas experiências, constroem visibilidade e apostam em uma mudança da sensibilidade coletiva. Como invenção, ela conjuga fluxos de desejo e exercícios estéticos que deslocam identidades e motivam a criação de políticas públicas para grupos à margem do campo artístico-cultural. Concluiu-se que a memória dessas produções encontra-se em tensionamento. Por um lado, a transversalidade das concepções de arte e saúde, afirmando as diferenças e transformando o mapa do perceptível; por outro, as tendências de categorização em segmento específico, ou como produção diretamente vinculada a um efeito social esperado pelas iniciativas da Reforma Psiquiátrica contra a estigmatização da loucura.