Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)

RESULTADO DO TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOIÉTICAS COM DOADORES ALTERNATIVOS APÓS BLINATUMOMAB EM CRIANÇAS COM LEUCEMIA LINFÓIDE AGUDA DE LINHAGEM B (LLA-B) RECIDIVADA OU REFRATÁRIA

  • G Zamperlini,
  • RV Gouveia,
  • VC Ginani,
  • CMCZ Oliveira,
  • MGAD Matos,
  • CN Monteiro,
  • LDS Domingues,
  • MV Pupim,
  • PAM Soriano,
  • JF Marques,
  • CF Andrade,
  • FVBD Santos,
  • PM Paiva,
  • A Seber

Journal volume & issue
Vol. 43
pp. S176 – S177

Abstract

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Introdução: A sobrevida de crianças com LLA B recidivada ou refratária é muito ruim. Tentativas de atingir remissão completa com quimioterapia impactam diretamente os resultados devido as toxicidades da quimioterapia e progressiva resistência dos blastos. O blinatumomab, anticorpo biespecífico que liga o CD3 dos linfócitos T ao CD19 dos blastos, tem eficácia documentada em doença quimio-refratária, dando a chance de iniciar o TCTH sem doença, contribuindo significativamente para melhor sobrevida. Esta estratégia foi descrita em outros países, mas não conhecemos a sua efetividade aqui. Objetivo: Avaliar a reposta e sobrevida em crianças com LLA B recidivada/refratária (R/R) tratadas com blinatumomabe seguido de TCTH alogênico. Método: Crianças com LLA-B R/R encaminhadas para nossa equipe de TCTH Pediátrico ainda com doença em atividade foram submetidas a avaliação liquórica e medular para quantificação da doença por imunofenotipagem e determinação de blastos para o CD19 (alvo do blinatumomab) e CD22 (alvo do inotuzumab). Crianças em recidiva hematológica, a quimioterapia com mini-HyperCVD (Jabbour E, personal communication) foi associada ao blinatumomab na dose recomendada em bula. Todos receberam quimioterapia intratecal profilática ou terapêutica. O condicionamento para TCTH não aparentado foi TBI 1200-VP (Forum Protocol) e para TCTH Haploidêntico, Fludarabina-TBI1200 e profilaxia de DECH com ciclosporina (CsA)-mini-metotrexate e ciclofosfamida pós TCTH, CsA, MMF, respectivamente. Resultado: 19 crianças receberam blinatumomabe seguido de TCTH alogênico com doadores alternativos, 11 meninos e mediana de idade de 6 anos. Dos 19 pacientes, 11 realizaram um ciclo de blinatumomab; 6 utilizaram quimioterapia convencional associada e 3 necessitaram de inotuzumab devido a persistência da doença e expressão do CD22. Apenas uma criança não atingiu remissão morfológica pré TCTH, mas prosseguiu com o procedimento afim de ser encaminhada para terapia CAR-T após TCTH. A pesquisa de doença residual mensurável pré TCTH foi negativa em 8 pacientes e positiva em 11. TCTH foi realizado com doador haploidêntico em 9 crianças e não aparentado em 10. Nenhuma das as crianças submetidas a TMO com DRM negativa apresentaram recidiva da doença; um deles faleceu devido toxicidade relacionada ao transplante. Das 11 crianças submetidas a TCTH com DRM positiva, duas estão vivas em tratamento com DLI e blinatumomab profiláticos pós TCTH. No total, 7 pacientes estão vivos e em remissão com mediana de seguimento de 5.3 meses após TCTH. Resumidos na tab Conclusões: A LLA-B refratária à quimioterapia é uniformemente fatal sem imunoterapia. Com a utilização de blinatumomab pudemos resgatar 9 das 19 crianças, resultado excelente quando consideramos que nenhuma outra forma de tratamento está disponível em nosso meio. Para crianças transplantadas ainda com DRM positiva, o uso de blinatumomab pós TCTH associada a infusão profilática de linfócitos é uma estratégia curativa promissora.