Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)

EP-255 - VÍRUS CHIKUNGUNYA: IMPACTOS E IMPLICAÇÕES NA SAÚDE OCULAR

  • Laura Vale Farao,
  • Rubén Darío Soares Núñez,
  • Heloísa Rodrigues Marmé,
  • Giovanna Nardozza Martinez Reis,
  • Deborah Christine Rodrigues Soares

Journal volume & issue
Vol. 28
p. 104166

Abstract

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Introdução: O vírus Chikungunya (CHIKV), pertencente ao gênero Alphavirus, é transmitido principalmente pela picada de mosquitos fêmeas do gênero Aedes. Além dos sintomas típicos, como febre, dores articulares e musculares, e erupções cutâneas, há evidências de que este arbovírus pode afetar o sistema ocular. Nesse contexto, é fundamental compreender de que maneira os olhos podem ser um local de acometimento, podendo influenciar desfechos clínicos importantes. Objetivo: Descrever as possíveis consequências oftalmológicas decorrentes da infecção pelo vírus Chikungunya. Método: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, feita em abril de 2024, a partir das bases de dados eletrônicas Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), Scielo e PubMed. Para a busca foram estabelecidos os descritores: ''Chikungunya virus’’ e ''Ophthalmology’’. Os critérios de inclusão foram: artigos publicados na íntegra, entre 2014 e 2024 e idiomas Português, Inglês e Francês. Ao final, foram selecionados 05 artigos para desenvolver o presente estudo. Resultados: Os sintomas oculares podem ser observados na fase aguda ou crônica da doença. A fisiopatologia envolvida ainda não está totalmente elucidada, porém, entende-se que o vírus pode desencadear reações autoimunes através de diversos mecanismos, resultando em danos e disfunções teciduais por apoptose e inflamação. As manifestações oftalmológicas podem afetar o segmento anterior e posterior do olho. No segmento anterior, os principais achados incluem fotofobia, dor orbitária retrobulbar, conjuntivite e uveíte anterior bilateral, frequentemente associada a precipitados ceráticos pigmentados e hipertensão ocular. Já o envolvimento do segmento posterior pode resultar em coroidite, retinite, neurorretinite e neurite do disco óptico. O tratamento é essencialmente sintomático, sendo a terapia com esteroides reservada a casos de uveíte posterior, panuveíte e neurite óptica. Apesar das implicações oculares e retinianas, os pacientes geralmente apresentam um prognóstico visual favorável, sem sequelas significativas. Conclusão: A análise dos impactos e implicações do vírus Chikungunya na saúde ocular revela uma interação complexa entre a infecção viral e os sistemas oculares. Os sintomas oftalmológicos podem ser variados e complexos, com potenciais associações com reações autoimunes. Embora o tratamento seja principalmente sintomático, com esteroides reservados para casos mais graves, o prognóstico visual geralmente é favorável.