Revista de Saúde Pública (Dec 2001)
Trabalho, saúde e gênero: estudo comparativo sobre analistas de sistemas Work and health: a gender study on systems analysts
Abstract
OBJETIVO: Avaliar as repercussões do trabalho de mulheres e homens analistas de sistemas na saúde. MÉTODOS: Trata-se de estudo exploratório de delineamento transversal, abrangendo 553 analistas de duas empresas de processamento de dados da região metropolitana de São Paulo. Foram realizadas análises ergonômicas do trabalho, entrevistas semi-estruturadas e preenchimento de questionários para auto-aplicação. A análise dos dados baseou-se em tabelas de contingência com qui-quadrado a 5% de significância e razões de prevalência e seus intervalos de confiança segundo gênero. RESULTADOS: As mulheres constituíram 40,7% do grupo estudado, sendo mais jovens que os homens. A presença de filhos foi maior entre os homens, embora o tempo diário dedicado às tarefas domésticas tenha sido maior entre as mulheres. Observou-se predomínio dos homens nas funções de chefia. Fatores de incômodo, com freqüência semelhante entre homens e mulheres, foram: sobrecarga de trabalho devido a prazos curtos; alto grau de responsabilidade; exigência mental do trabalho; e complexidade da tarefa. Fatores de incômodo predominantes em mulheres foram: postura desconfortável; maior exposição ao computador; e presença de equipamento obsoleto. As mulheres relataram maior freqüência de sintomas visuais, musculares e relacionados a estresse; maior insatisfação com o trabalho; maior fadiga física e mental. CONCLUSÕES: O estudo sugere que as repercussões na saúde das analistas de sistemas estão associadas às exigências do trabalho e ao papel da mulher na sociedade. Os resultados destacam a importância de estudos sobre saúde, trabalho e gênero, em analisar a interseção entre a esfera produtiva e a doméstica.OBJECTIVE: To assess the health impact of working conditions among male and female systems analysts. METHODS: In this cross-sectional study, 533 systems analysts of two data analysis companies located in the metropolitan area of São Paulo were studied. Data was collected using work ergonomic assessments, individual and group semi-structured interviews and a self-applied questionnaire. Data analysis was based on contingency tables, Chi-square values at 5% level, prevalence rates and ratios, and their 95% confidence intervals. RESULTS: Of the participants, 40.7% were women who on average were younger that the studied men (59.6% of women and 39% of men were in the age range 25 to 34). Though fatherhood was more frequently seen among men (57.6% x 34.2% for women), women spent more time with household tasks, including children care. There were more men in leading management positions. Work-related discomfort factors were seen in both sexes at similar frequencies. Men most commonly complained of work overload due to tight deadlines, high degree of responsibility, mental strain, and work complexity. Women more frequently complained of postural discomfort, higher exposure to video display terminal, and obsolete equipment. Women reported more visual, musculoskeletal and stress related symptoms, and higher work dissatisfaction and mental fatigue. CONCLUSIONS: The study suggests that the health impact on female systems analysts is associated with the work demands and the women's social role. There is a need of further studies associating health, work and gender and an assessment of the intersection between the domestic and productive roles.
Keywords