COMPARAÇÃO DO GASTO ENERGÉTICO DE REPOUSO PRÉ E PÓS TRANSPLANTE DE PACIENTES SUBMETIDOS AO TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOIÉTICAS E AVALIAÇÃO DOS FATORES ASSOCIADOS

Abstract

Introdução/objetivos: Pacientes submetidos ao Transplante de Células-Tronco Hematopoiéticas (TCTH) podem apresentar alterações metabólicas que impactam no seu Gasto Energético em Repouso (GER) e no estado nutricional. O objetivo deste estudo foi comparar o GER pré e pós-transplante de pacientes submetidos ao TCTH e os fatores relacionados. Material e métodos: Estudo prospectivo realizado no setor de Transplante de Medula Óssea do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG). Antes do regime de condicionamento (D-5), bem como nos dias D+10 e D+17, o GER foi mensurado por calorimetria indireta. As complicações infecciosas e não infecciosas foram analisados entre os períodos D+1 e D+10, D+11 e D+17; a ingestão alimentar foi obtida por meio de Recordatório 24h. Resultado: Foram avaliados 20 pacientes com idade a média de 45,65±17,25 anos, maioria homens (65%), e os diagnósticos mais incidentes foram Leucemia Mieloide Crônica (25%) e Mieloma Múltiplo (25%), sendo que 60% dos transplantes foram alogênicos. Comparado ao pré-transplante, o GER aumentou cerca de 115% a 120% no pós, e a necessidade energética ajustada (Kg/peso) foi de 28 Kcal/Kg (D+10) e de 33 Kcal/Kg (D+17). Foi observada inadequação energética e proteica em todos os momentos analisados. Febre, mucosite graus I‒II, número total de eventos infecciosos e não infecciosos foram associados ao aumento do GER em D+10. Discussão: Hipotetizamos que o aumento do GER em D+10 foi influenciado pelos efeitos tóxicos agudos do regime de condicionamento, que geralmente duram de 10 a 15 dias, associados às consequências de danos à barreira mucosa gastrointestinal, aumento do estresse oxidativo e hipercatabolismo. A mucosite pode afetar 47%‒100% dos doentes devido à toxicidade do regime de condicionamento que implica danos epiteliais, bem como à resposta inflamatória mediada pelo fator Nuclear Kappa-Beta (NFK-β) e pelo TNF-α. Nossos achados sugerem que quanto maior o número de efeitos colaterais, maior a variação do GER, e que o número cumulativo desses eventos induz a um aumento das demandas energéticas, o que por si só é um fator de risco para a deterioração do estado nutricional desses indivíduos. Conclusão: Pacientes submetidos ao TCTH tiveram aumento do GER pós-transplante em comparação com o pré-transplante. A febre, a mucosite de grau I-II e o número total de eventos infecciosos e não infecciosos foram associados ao aumento do GER em D+10.