Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)
ENTEROCOLITE NECROTIZANTE POR AEROMONAS SPP.
Abstract
Paciente do sexo feminino, 47 anos, previamente hígida, foi admitida com histórico de dor abdominal há 2 dias, iniciando na região epigástrica e progredindo para uma dor difusa e intensa, acompanhada de náuseas e vômitos. No exame físico, apresentava sensibilidade à palpação no epigástrio e na região inferior do abdome, sendo internada para controle dos sintomas. Não foram observadas alterações nos exames radiológicos e laboratoriais. Após 2 dias de tratamento clínico, houve piora dos sintomas, e uma tomografia computadorizada foi realizada, revelando sinais de suboclusão intestinal. A paciente foi submetida a uma laparotomia e enterectomia segmentar, sendo evidenciada, no exame anatomopatológico da peça cirúrgica, a presença de enterocolite necrotizante causada por Aeromonas. Após um período de 2 meses de internação devido a complicações decorrentes da infecção, a paciente recebeu alta hospitalar para acompanhamento ambulatorial. O gênero Aeromonas spp. consiste em bacilos gram-negativos flagelados, que são encontrados em ambientes aquáticos, como rios, lagos e até mesmo reservatórios de água potável.Embora a infecção por Aeromonas não seja rotineiramente testada em culturas, a incidência pode ser subestimada, e está relacionada a infecções em indivíduos imunossuprimidos. No entanto, em algumas áreas, a positividade nos testes pode chegar a 9,8%. As infecções por Aeromonas spp. podem se manifestar de várias formas, incluindo gastroenterite aguda ou crônica, infecções de pele e tecidos moles em feridas infectadas, sepse em pacientes imunossuprimidos e infecções respiratórias. O diagnóstico da infecção por Aeromonas spp. é feito por meio de culturas, com crescimento geralmente ocorrendo dentro de 24 horas, e por testes moleculares. As espécies de Aeromonas clinicamente relevantes são uniformemente resistentes à penicilina e ampicilina, têm resistência variável às cefalosporinas e são suscetíveis às fluorquinolonas, tetraciclinas e sulfonamidas, embora haja relatos de aumento da resistência a estas últimas duas classes de antibióticos.