Fractal: Revista de Psicologia (Oct 2024)
“Um homem sem trabalho não é nada!”: trabalho, classe e masculinidades em serviços de atenção psicossocial
Abstract
Resumo Este estudo aborda as relações entre trabalho, classe, saúde mental masculina e gênero, reconhecendo o trabalho como elemento identitário da masculinidade hegemônica. Foi realizada uma pesquisa qualitativa em dois serviços de saúde mental de Brasília, DF, com base em observações participantes em atividades de rotina e 16 entrevistas semiestruturadas com usuários homens. Os achados revelam que as precárias condições de trabalho têm influência negativa nas condições de saúde mental de homens de classes populares e no exercício de suas masculinidades. Esses homens sentem-se alijados de sua condição masculina por não trabalharem e não proverem a família, considerando-se que, em um mundo marcado pelo domínio do capital, o valor de um homem é confundido pelo seu poder de compra, e a falta de trabalho é um grande abalo à identidade masculina. Constata-se que a busca por atender a ideais hegemônicos de uma masculinidade prescrita atua como coprodutora de sofrimentos mentais decorrentes da marginalização por classe social em usuários de serviços de saúde mental.
Keywords