Brazilian Journal of Psychiatry (Dec 2003)

Efeito da estratégia de simulação mental sobre o controle postural

  • Erika Carvalho Rodrigues,
  • Luís Aureliano Imbiriba,
  • Gabriela Rego Leite,
  • José Magalhães,
  • Eliane Volchan,
  • Cláudia D Vargas

DOI
https://doi.org/10.1590/S1516-44462003000600008
Journal volume & issue
Vol. 25, no. suppl 2
pp. 33 – 35

Abstract

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A construção e manipulação espacial de imagens corporais têm origem basicamente visual e somato-motora. No entanto, a contribuição relativa de cada modalidade sensorial nos processos de simulação mental pode variar. Sirigu e Duhamel (2001) propuseram que a estratégia utilizada durante a simulação mental de movimentos produziria a ativação de circuitos neurais distintos. Neste estudo, investigamos o efeito da estratégia adotada na simulação mental de uma tarefa motora que envolve ajustes posturais utilizando as técnicas de cronometria mental e de estabilometria. Os voluntários, posicionados sobre uma plataforma de força vertical com os pés unidos e os olhos fechados, foram solicitados a realizar as seguintes tarefas: a) manter a postura ereta normal durante 20 segundos; b) contar mentalmente de um a 15; c) imaginar-se realizando o movimento de flexão plantar bilateral 15 vezes e d) executar o mesmo movimento por 15 vezes. Ao final do teste, relataram qual a estratégia utilizada para a realização da simulação mental. Com base no relato verbal foram então distinguidos em dois grupos: visuais e somato-motores. A análise da cronometria mental mostrou que o tempo utilizado para simular mentalmente os movimentos de flexão plantar não foi diferente daquele gasto durante a sua execução. Diferiu, porém, da condição contar para ambos os grupos. Para a análise estabilométrica, calculou-se um índice de simulação mental (ISM). Dos valores obtidos durante o imaginar, foram subtraídos os valores da condição contar, dividindo-se então a resultante pela soma dos dois. O grupo somato-motor apresentou índices positivos e significativamente diferentes do grupo visual para a área elíptica de deslocamento e amplitude de deslocamento no eixo ântero-posterior (y). Esses dados indicam um menor bloqueio da saída motora durante o imaginar de um movimento que envolve ajustes posturais no primeiro grupo. Essa diferença sugere que circuitos corticais e sub-corticais distintos serão ativados em função da estratégia adotada para simular mentalmente o movimento.

Keywords