Brazilian Journal of Veterinary Medicine (Dec 2016)
Diagnóstico molecular de Ehrlichia canis em cães com alterações clínicas, hematológicas e bioquímicas no município de Ilhéus, Bahia, 38(4):345-352
Abstract
RESUMO. Rocha J.M., Carvalho F.S., Oliveira H.C., Carlos R.S.A., Carneiro P.L.S., Albuquerque G.R. & Wenceslau A.A. [Molecular diagnosis of Ehrlichia canis in dogs with clinical signs, hematological and biochemical changes in the Municipality of Ilhéus, Bahia.] Diagnóstico molecular de Ehrlichia canis em cães com alterações clínicas, hematológicas e bioquímicas no município de Ilhéus, Bahia. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, 38(4):345-352, 2016. Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, Universidade Estadual de Santa Cruz, Rodovia Jorge Amado, Km 16, Salobrinho, Ilhéus, BA 45662-900, Brasil. E-mail: [email protected] Objetivou-se com este trabalho identificar DNA de Ehrlichia canis em cães com alterações clínicas e ou hematológicas condizentes com a infecção, e identificar possíveis fatores de risco à infecção no município de Ilhéus, uma área endêmica à infecção. Foram coletadas 558 amostras de sangue de cães. Essas amostras foram divididas em frascos com e sem anticoagulante e foram confeccionados esfregaços sanguíneos para pesquisa direta na lâmina. Durante o momento da coleta os animais foram submetidos a exame clínico completo e avaliação para presença de carrapatos. O sangue com anticoagulante foi utilizado para realização de hemograma completo e testes moleculares para detecção de E. canis e o sem anticoagulante para os exames bioquímicos de Ureia, Creatinina e ALT. Antes da análise molecular e em lâmina, foi realizada uma triagem, onde foram selecionados animais que apresentassem sinais clínicos, hematológicos e bioquímicos sugestivos da infecção. Após essa triagem, foram selecionados 297 cães para a pesquisa de Ehrlichia sp. e E. canis. Dos animais avaliados pela metodologia molecular 85,52% (254/297) foram positivos para o gênero e 80,13% (238/297) foram positivos para a espécie E. canis pelo Nested–PCR. A visualização de mórulas nas lâminas foi verificada em 28,16% (84/297) de animais e todos também foram positivos pelo Nested-PCR. Dos animais positivos para E. canis, 25,39 % apresentaram caquexia, 17,46% apresentaram palidez em mucosas, 15,87% apresentaram petéquias e 1,58% apresentaram epistaxe, e outros 38,09% (24/63) apresentaram mais de uma das alterações concomitantes. Animais que apresentaram alterações em sinais clínicos foram estatisticamente significativos (p=0,02) em relação à positividade para E. canis. Com relação às alterações hematológicas 80,13% dos cães estavam infectados, sendo estas estatisticamente significantes (p=0,001). Os animais com anemia apresentaram significância estatística (p=0,001), porém, não foi constatada significância nos animais trombocitopênicos (p=0,28). Quando se avaliou animais que possuíam anemia em associação com trombocitopenia, os resultados foram significativos estatisticamente (p0,05), porém 48,82% (145/297) animais apresentaram controle carrapaticida anterior ao momento da coleta e, este dado foi significante (p=0,003). Com relação a avaliação bioquímica os resultados não foram estatisticamente significativos (p>0,05) para a infecção. Foram detectados pela análise molecular 19,04% de carrapatos infectados das 42 amostras de carrapatos coletados. Conclui-se que a região tem alta infecção por E. canis e os animais neste estudo, possivelmente estavam cursando com a fase crônica da infecção, no município de Ilhéus, BA.