Rumores (Dec 2016)
Hackear ou ser hackeado: o quase-totalitarismo das redes de segurança globais
Abstract
O presente artigo se concentra nas questões ideológicas da vigilância digital, examinando exemplos empíricos específicos retirados de reportagens publicadas sobre o caso Snowden, com o objetivo de matizar o lugar da política, da ética, dos valores e afetos mobilizados por governos e pela elite corporativa justificando a prática de coleta de dados pessoais numa associação entre três das redes globais de “segurança”. Analisa-se a constituição de um espaço político como esfera de atuação que emerge em contraposição ao que estamos nomeando como mecanismos “quase-totalitários”, baseados na ideia de alinhamento, conluio e imbricamento das três redes de segurança. Os diferentes aspectos desse quase-totalitarismo incluem: o monopólio do planejamento digital em relação à vigilância e a comunicação secreta entre governos, a elite corporativa e, algumas vezes, ONGs; o papel das ONGs na sociedade civil como forma de contornar processos democráticos; as políticas de associação entre empresas que assegurem o duplo objetivo do estado (segurança) e do capital (lucro); a dimensão inigualável da estrutura de aquisição de dados pelas matrizes da inteligência ocidental; a perseguição e julgamento de jornalistas, denunciantes e atores lutando em favor da transparência fora da esfera dos grupos das sociedade civil; e a significativa, mas insuficiente, contestação por parte do público de crimes contra as liberdades civis.
Keywords