Revista Brasileira de Literatura Comparada (Apr 2024)
Antropofagia e controle do imaginário
Abstract
Em 1928, Oswald de Andrade, na condição de porta-voz da vanguarda, publicou seu Manifesto antropófago. Reagindo contra o fraseado contínuo, que em seu caso poderia ser interpretado como imitação da lógica verbosa, Oswald escolheu para seu manifesto o que poderíamos chamar uma lógica de instantâneos-o desenvolvimento das idéias por frases curtas e rápidas, fragmentárias e multidirecionais. Associando agudeza e humor, o Manifesto antropófago tem como base uma questão existencial: a de ajustar a experiência brasileira da vida com a tradição que herdamos. O problema era como alcançá-lo. Provavelmente, a questão encontra sua melhor formulação na glosa tropical da frase shakespereana.