Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (May 2004)

Necessidade de cuidados intensivos em maternidade pública terciária Necessity of intensive care in a tertiary public maternity hospital

  • Marcello Braga Viggiano,
  • Mauricio Guilherme Campos Viggiano,
  • Eduardo de Souza,
  • Luiz Camano

DOI
https://doi.org/10.1590/S0100-72032004000400009
Journal volume & issue
Vol. 26, no. 4
pp. 317 – 323

Abstract

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OBJETIVOS: avaliar os aspectos epidemiológicos e os relacionados ao parto de gestantes e puérperas transferidas para unidades de terapia intensiva (UTI's) e a freqüência com que estas pacientes necessitam de cuidados intensivos. MÉTODOS: estudo observacional e descritivo das transferências obstétricas para UTI's, entre janeiro de 1999 e dezembro de 2001. A análise incluiu as seguintes variáveis: idade materna, paridade, indicações obstétricas e não-obstétricas para as transferências, momento em que estas ocorrem no ciclo gravídico-puerperal, tipo de parto, desfecho materno e freqüência com que estas transferências ocorrem em relação ao número total de partos (razão de morte iminente - RMI). A análise estatística foi realizada pelo teste do chi2 ou teste exato de Fisher, com nível de significância fixado em 5%. RESULTADOS: no período de 36 meses, ocorreram 86 transferências maternas (em 4.560 partos). Entre as pacientes transferidas, 52,3% (n=45) eram nulíparas e 63 (73,2%) tinham idade entre 19 e 35 anos. As síndromes hipertensivas representaram 57,7% (n=41) das indicações e as síndromes hemorrágicas, 19,7% (n=14). Eclâmpsia (n=23), síndrome HELLP (n=13) e descolamento prematuro da placenta normalmente inserida (n=5) foram as causas obstétricas mais prevalentes na determinação destas transferências. As cardiopatias maternas somaram 4 casos entre as indicações não-obstétricas. Houve predomínio das transferências puerperais (82,35%). Cinqüenta e cinco pacientes (72,3%) tiveram seus partos realizados através de cesarianas. O tempo médio de internação nas UTI's foi 5,1 dias. A mortalidade materna encontrada neste estudo correspondeu a 24,2%, sendo que as síndromes hipertensivas foram responsáveis por 52,9% (9/17) das mortes obstétricas diretas. Não houve diferença significante (p=0,81) entre os decessos maternos e suas causas (síndromes hipertensivas, hemorrágicas, infecciosas ou outras) ou entre mortalidade materna e duração da internação (48 horas) nas UTI's (p=0,08). A RMI encontrada foi de 18,8/1.000 partos. CONCLUSÕES: a necessidade de cuidados intensivos estimada pela RMI foi de 18,8/1.000 partos, sendo que as síndromes hipertensivas induzidas pela gestação foram responsáveis pela maioria das indicações para as transferências maternas.OBJECTIVE: to evaluate the epidemiological and parturitional aspects of obstetric patients admitted to intensive care units (ICU), and analyze the frequency of intensive support needed by them. METHODS: observational and descriptive study of all obstetric patients' transfers to ICU from the Hospital Materno Infantil of Goiânia-Go, from January 1999 to December 2001. The analysis has included variables as maternal age, parity, obstetric and non-obstetric indications for ICU admissions, moment of transfer, mode of delivery, maternal death, and the frequency of ICU utilization per 1,000 deliveries (IDR - imminent death ratio). The statistical analysis was performed by the chi2 test or the Fisher exact test and a significant difference was set at a level of 5%. RESULTS: over the 36-month period analyzed, 86 pregnancy-associated ICU admissions were identified (among 4,560 deliveries). Of the 86 patients, 52.33% (n=45) were nulliparae and 63 (73.26%) were between 19 and 35 years old. Hypertensive disorders accounted for 41 (57.75%) of the admissions and hemorrhage for 14 (19.72%). Eclampsia (n=23), HELLP syndrome (n=13) and premature abruptio placentae (n=5) were the most common obstetric indications for ICU admissions. Maternal cardiac disorders accounted for 4 cases of non-obstetric indications. There was a predominance of postpartum transfers (82.35%). Fifty-five (72.37%) patients needed delivery by caesarian section. The average time spent in the UCI by those patients was 5.1 days. Maternal mortality found in this study was 24.29%, hypertensive disorders being responsible for 52.94% (9/17) of all obstetric-associated deaths. There were no significant statistical differences (p=0.81) regarding these obstetric-associated deaths and their causes (hypertensive disorders, hemorrhage or infections) or even regarding maternal deaths and duration of stay ( 48 hours) in the ICU (p=0.08). The IDR found was 18.8 per 1,000 deliveries. CONCLUSIONS: the need of intensive care estimated by IDR was 18.8 per 1,000 deliveries, the pregnancy-induced hypertension being responsible for the majority of the indications for maternal transfers.

Keywords