Revista Brasileira de Educação Médica (Aug 2022)

Identidade médica: o impacto do primeiro contato com pacientes na empatia do estudante de Medicina

  • Ana Luiza Cotta Mourão Guimarães,
  • Anna Carolina Dockhorn de Menezes Carvalho Costa,
  • Arthur Brunelli Sales,
  • Diana de Oliveira Frauches,
  • Mariana Poltronieri Pacheco

DOI
https://doi.org/10.1590/1981-5271v46.3-20210314
Journal volume & issue
Vol. 46, no. 3

Abstract

Read online Read online

Resumo: Introdução: Empatia é definida como a capacidade de ouvir e compreender o outro, e, portanto, é um componente essencial na relação médico-paciente. Estudos apontam que proporcionar aos alunos a oportunidade de contato com o paciente logo no início do curso desperta a consciência da importância da empatia nas relações. Dessa forma, tal contato, nos primeiros semestres da Faculdade de Medicina, permite que os estudantes potencializem suas habilidades empáticas, oportunizando a construção de uma identidade profissional mais ampla e completa. Objetivo: O estudo tem como objetivo avaliar a influência do contato com o paciente na disciplina de Semiologia I, durante o segundo ano da graduação, sobre a empatia de estudantes de Medicina. Método: Trata-se de um estudo observacional e prospectivo, realizado com estudantes de Medicina de uma faculdade privada em Vitória, no Espírito Santo, matriculados na disciplina teórico-prática Semiologia I em 2019/2 e 2020/1, por meio de aplicação de questionários antes da primeira atividade prática em enfermaria e após a última. Analisaram-se as variáveis sociodemográficas e o escore de empatia. Diferenças entre os semestres foram avaliadas pelos testes qui-quadrado, exato de Fisher e de Mann-Whitney. Com os testes de Mann-Whitney e Kruskal-Wallis, investigou-se a relação entre as variáveis sociodemográficas e a empatia. A influência do contato com o paciente na empatia foi averiguada pelo teste de Wilcoxon, todos com 95% de significância. Resultado: Participaram do estudo 38 alunos em 2019/2 e 60 em 2020/1. Foram significativas somente as associações entre o contato com o paciente nas enfermarias e o escore de empatia (p = 0,008), e entre o sexo e o escore de empatia (p = 0,000), sendo esta maior para mulheres e ao final da experiência da disciplina. Conclusão: A disciplina Semiologia I se mostrou capaz de afetar positivamente a empatia, que se apresentou maior no sexo feminino, corroborando a literatura. Os resultados obtidos refletem somente um semestre específico do curso, não o perfil global de empatia dos estudantes, os níveis de empatia em momentos distintos da graduação ou o comportamento dos discentes.

Keywords