Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Jan 2023)
Perfil de Problemas Relacionados a Medicamentos nas Síndromes Hipertensivas Gestacionais: uma Coorte Prospectiva
Abstract
Introdução: As síndromes hipertensivas gestacionais (SHG) acometem cerca de 10% das gestações e pode representar danos para a mãe e o feto. A farmacoterapia antihipertensiva é o tratamento de primeira linha, contudo as alterações fisiológicas e literatura escassa associadas a gestação promove uma maior vulnerabilidade a ocorrência de Problemas Relacionados a Medicamentos (PRM). Objetivo: caracterizar os PRM quanto a causa, tipo e medicamentos implicados em mulheres hospitalizadas para controle da hipertensão gestacional. Método: Coorte prospectivo (set/2019 a jun/2022) que incluiu 547 gestantes hospitalizadas em acompanhamento diário. Os problemas relacionados à terapia anti-hipertensiva foram classificados de acordo com as diretrizes da Pharmaceutical Care Network Europe (PCNE v 9.0). Os dados foram apresentados descritivamente (Stata v 15.0). Resultados: As pacientes avaliadas tinham em média foi 30,4 anos e 30,9 semanas de idade gestacional. Entre as avaliadas, 441 apresentaram um quadro de SHG sendo as mais frequentes a hipertensão gestacional (34,2%), hipertensão arterial (33,6%) e pré-eclâmpsia (12,8%). Cerca de 62% das portadoras de SHG apresentaram um ou mais PRMs (média de 1,0 ± 0,9 PRM por paciente) com um total de 177 PRM identificados. A maioria dos PRMs foram relacionados à inefetividade terapêutica, destacando-se a metildopa (74; 58,3%) e nifedipino (26; 64,4%). A ocorrência de reações adversas relacionada a metildopa (55; 35,4%) e nifedipino (15; 36,6%) também foram frequentes. As principais causas dos PRMs de inefetividade foram a subdose (86,3%). A detecção de PRMs predominou nas primeiras 48h com 68,9% (122) das ocorrências com destaque para a metildopa (P1.2: 59, 79,3%; P2.1: 35, 77,5%) e nidefipino (P1.2: 12, 50%; P2.1: 10, 66,7%), mas tendem a decrescer consideravelmente já no 4º dia de tratamento. Conclusão: Em suma, os problemas relacionados à terapia anti-hipertensiva são frequentes em gestantes hospitalizadas, sobretudo relacionados à inefetividade terapêutica e a ocorrência de eventos adversos.