Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Feb 2023)

Análise do uso de omeprazol para profilaxia de lesão aguda de mucosa gástrica em pacientes internados em um hospital universitário

  • Jessica Milheiro Silva,
  • Amanda Castro Domingues da Silva,
  • Gisele Dallapicola Brisson,
  • Marcela Miranda Salles,
  • Roberta Alves Barboza,
  • Marina Soares Gonçalves

DOI
https://doi.org/10.22563/2525-7323.2022.v1.s2.p.15
Journal volume & issue
Vol. 1, no. s.2

Abstract

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A lesão aguda de mucosa gástrica (LAMG) é uma condição geralmente associada a pacientes críticos que pode evoluir para ulceração e hemorragia. Sua incidência é alta, porém a prevalência de sangramento significativo é baixa. Dessa forma, recomenda-se o uso de medicamentos que inibem a secreção ácida, como os inibidores de bomba de prótons (IBP). Existem condições clínicas específicas que demandam o uso dessa profilaxia, dentre elas fatores maiores e menores, de acordo com o grau de evidência na literatura. Os IBP são mundial e indevidamente utilizados, o que pode conferir desfechos clínicos desfavoráveis, principalmente no uso prolongado, como deficiências nutricionais, infecções por Clostridium difficile, demência, pneumonia comunitária, fraturas ósseas, injúria renal, além de resultar em elevados gastos. No Hospital Universitário Antônio Pedro, observa-se a mesma tendência de prática, com uso sem indicações precisas e elevados gastos. O presente trabalho propôs avaliar o uso do único IBP padronizado na instituição, o omeprazol, através de um estudo observacional e retrospectivo. A coleta de dados foi realizada a partir dos registros provenientes da planilha de avaliação de uso do omeprazol para profilaxia de LAMG, que contém dados sociodemográficos e clínicos, dados do omeprazol e os fatores de risco. Para a definição dos fatores de risco considerados nesta planilha, foi realizada uma pesquisa bibliográfica e a consulta da opinião de quatro especialistas diferentes. Todos esses dados foram tabulados em planilhas específicas utilizando o software Microsoft Excel® e os resultados mensurados através de estatística descritiva. Do período de agosto a outubro, foram computados 116 registros de prescrição de omeprazol para profilaxia de LAMG, sendo 62,9% referentes a pacientes do sexo masculino, com média de idade de 61 anos, oriundos majoritariamente (40,5%) do setor de terapia intensiva. Nota-se a ocorrência maior de uso na dose de 40 mg/ dia (57,8%), sendo esses utilizados principalmente por via oral (53,4%). 34,5% dos registros referiam-se a pacientes com condições de switch para via oral/enteral, resultando em uma possível economia de 996 reais. Apenas 13,8% dos registros avaliados apresentavam fatores que indicam necessidade de profilaxia de LAMG. 10,3% denotam pelo menos um fator maior que justifique o uso, dos quais 5,2% do total de registros são referentes a sangramento do trato gastrointestinal. Somente 3,5% apresentavam dois ou mais fatores menores, sendo o mais prevalente a anticoagulação em dose terapêutica (10,3%), seguido de corticoide em dose equivalente a 250 mg hidrocortisona/dia (9,5%). Este trabalho está de acordo com estudos brasileiros, em que a maior parte das indicações é discutível e o uso é, sobretudo, inadequado (Fioramonte et al., 2020; Araújo et al., 2021). Com esses resultados, pretendese racionalizar o uso de IBP, reduzir custos e embasar a construção de um protocolo clínico de profilaxia de LAMG para o hospital.

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