Brazilian Journal of Infectious Diseases (Sep 2022)

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E SOCIODEMOGRÁFICAS DA COVID-19 EM JOVENS COM DESFECHO FATAL NA 1ª VERSUS 2ª ONDA: UM ESTUDO COMPARATIVO

  • João Paste Silva,
  • Mariana Souza Santos Oliveira,
  • Gabriel Freitas da Silva,
  • Ana Beatriz Rodrigues de Lira,
  • Matheus Henrique Santana Toledo Piza Pimentel,
  • João Felipe Vasconcelos Anjos,
  • Acácia Mayra Pereira Lima,
  • Luis Eugênio de Souza,
  • Áurea Angelica Paste,
  • Viviane Sampaio Boaventura

Journal volume & issue
Vol. 26
p. 102454

Abstract

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Introdução: A pandemia da COVID-19 tornou-se o maior problema de saúde pública dos últimos 100 anos, apresentando ondas desde que iniciou a propagação. As características sociodemográficas e clínicas possuem variações entre as ondas e entre os países. Ao comparar a Primeira Onda (PO) com a Segunda Onda (SO), uma inconstância nos relatos é observada. Ainda assim, um importante dado comum é a maior frequência de pessoas menores de 50 anos acometidos na SO, inclusive, indo a óbito. Objetivo: Analisar a diferença básica entre a PO e a SO com foco local. Além dessa diferenciação geral, o presente trabalho também objetiva avaliar as características clínicas e sociodemográficas dos pacientes menores que 50 anos e que evoluíram com desfecho fatal em ambas as ondas. Método: Trata-se de uma coorte retrospectiva, realizada em um hospital público de referência estadual, que coletou dados de desfecho hospitalar e idade para todos os pacientes internados por COVID-19, além de dados sociodemográficos e clínicos de todos os pacientes menores de 50 anos e que evoluíram a óbito na unidade durante o período de 01/03/2020 a 01/06/2021. Para o tratamento estatístico foram utilizados o Teste de Qui-quadrado, para variáveis categóricas, e o Teste de Mann-Whitney, para variáveis numéricas. Resultados: Dentro do período proposto, foram coletados dados de 3.875 pacientes, sendo 230 os pacientes menores de 50 anos e com desfecho fatal (113 na PO e 117 na SO). Em relação à PO, a SO apresentou menor letalidade (PO:29%, SO:22%; p < 0,01) e menor média de idade (diferença de 5,25 anos; p < 0,01). Em relação ao subgrupo de interesse, houve pouca diferença estatisticamente significante entre as ondas, exceto pelo Tempo de Internamento Hospitalar (de 9 para 13,5 dias, p < 0,01), incidência de Diabetes mellitus (de 29,2% para 16,2%, p < 0,01) e Hiperglicemia hospitalar (de 54% para 71,8%; p < 0,01). Conclusão: A SO foi caracterizada por menor letalidade e acometimento de pacientes mais jovens. Ao estratificar para o subgrupo de pacientes menores que 50 anos e com desfecho fatal, observou-se uma segunda onda composta principalmente por homens mais saudáveis, além de uma doença menos severa. O surgimento da variante gamma, a curva de aprendizado no manejo da doença entre as ondas, uma primeira onda mais letal e severa e a maior disponibilidade de recursos hospitalares no segundo momento podem ter contribuído para as diferenças observadas. Ag. Financiadora: CNPQ.