Revista de Saúde (Aug 2017)

Pancreatite autoimune: Relato de caso

  • Aline Vieira Silva,
  • Juliana Ferreira Bezerra de Azevedo,
  • Adriana Rodrigues Ferraz

Journal volume & issue
Vol. 8, no. 1 S1
pp. 103 – 104

Abstract

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Pancreatite autoimune (PAI) é uma doença caracterizada por um processo inflamatório autoimune, no qual há proeminente infiltrado linfoplasmocitário associado à fibrose do pâncreas, levando a disfunção orgânica. A PAI pode ser localizada e exclusiva do pâncreas, classificada como tipo II, ou possuir manifestações sistêmicas, tipo I, sendo esta última associada à alta concentração de imunoglobulina IgG4. Ambas apresentam resposta eficazes à terapia com corticosteróides, embora possa haver recidivas. Trata-se de uma patologia rara, relativamente nova, no qual os primeiras manifestações extrapancreáticas foram descritas em 2003, e pouco conhecida de modo que se torna importante estudá-la. Portanto o presente estudo tem o objetivo de relatar um caso sobre pancreatite autoimune, revisar a literatura a cerca do tema, determinar a importância dos métodos de imagem no diagnóstico dessa doença e analisar o seu tratamento. Paciente do sexo masculino, 49 anos, iniciou quadros de diarréia contínua e epigastralgia há dois meses, procurou o ambulatório de gastroenterologia, trazendo consigo exames de imagem como ultrassonografia de abdome (USG) e Endoscopia Digestiva Alta (EDA), solicitados previamente pelo clínico geral. A USG demonstrou diminuição da ecogenicidade do pâncreas sendo solicitados Tomografia computadorizada (TC) de abdome e, posteriormente, Ressonância Magnética de abdome. Tal era a suspeição de afecção que foi solicitado ecoendoscopia com punção aspirativa de tecido pancreático e citologia oncótica que confirmou a presença de PAI macroscopicamente e através do estudo histopatológico realizado, juntamente com IgG4 elevada. Estabelecido o diagnóstico, institui-se a terapêutica com prednisona via oral por 16 semanas. Após tratamento com corticóide, verificou-se normalização dos níveis séricos de IgG4 e nova ecoendoscopia será realizada quando completar um ano da primeira. Discussão: O quadro clínico da PAI é inespecífico, muitas vezes mimetiza a clínica de adenocarcinoma de pâncreas, colangite esclerosante primária, Síndrome de Sjögren, dentre outras doenças, condicionando dificuldades diagnósticas. A ecoendoscopia associada à punção aspirativa com agulha fina vem contribuir decisivamente para o diagnóstico de pancreatite autoimune e exclusão do câncer pancreático. Segundo a literatura, não há diferença significativa entre a pulsoterapia de corticóide e a administração por via oral. A PAI é uma patologia recente que, embora já haja muitos relatos na literatura, precisa ser mais estudada, a fim de estabelecer o diagnóstico preciso e um tratamento com menor taxas de recidivas possíveis.