Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
ICTERÍCIA LIKE RELACIONADA AO USO DE ELTROMBOPAG EM PACIENTE SUBMETIDA A TRANSPLANTE DE CÉLULAS TRONCO HEMATOPOÉTICAS
Abstract
Introdução: Apesar dos constantes avanços relacionados ao TCTH (Transplante de Células-Tronco Hematopoiéticas), a falha de enxertia ainda ocorre em cerca de 5% a 20% dos casos. O eltrombopag tem se mostrado efetivo nestes casos, com incremento das 3 séries hematológicas. Relataremos o caso de icterícia secundária ao uso de Eltrombopag em paciente após transplante de medula óssea com plaquetopenia grave. Descrição do caso: Paciente feminina, 33 anos, caucasiana, realizou TCTH não aparentado com incompatibilidade ABO maior (doador O positivo, receptor A negativo) para tratamento de Leucemia Promielocítica Aguda recaída após 6 meses de TCTH autólogo. Após nove meses do último transplante a paciente evoluiu com necessidade transfusional por desenvolvimento de trombocitopenia grave, sem fator desencadeante encontrado a despeito de extensa investigação laboratorial. Naquele momento, visto necessidade de altas doses de corticóides, foi iniciado uso de eltrombopag 50 mg/dia com resposta determinante para independência transfusional e consequente retirada de prednisona. No mês subsequente, já em dose de eltrombopague 150 mg ao dia, a paciente apresentou icterícia progressiva, sem associação a outros sintomas e ou disfunções hepáticas. Durante acompanhamento, foi buscada harmonia entre a dose do eltrombopag, os níveis plaquetários e graus toleráveis de hiperpigmentação cutânea. Discussão: As alterações hepáticas associadas ao uso de agonistas dos receptores de trombopoetina, como o eltrombopag, são bem documentadas devido ao metabolismo hepático dessas drogas, tornando a monitoração da função hepática uma parte essencial do manejo hematológico. No entanto, a ocorrência de hiperbilirrubinemia e hiperpigmentação cutânea sem sinais de hepatotoxicidade pode ser menos evidente e levar a interpretações errôneas dos índices de hemólise e bilirrubina, devido à presença de eltrombopag no soro. Observou-se uma correlação entre os diferentes graus de icterícia e as doses da medicação, embora, a longo prazo, não se possa prever com precisão a relação com possíveis complicações futuras. Assim, este caso destaca a importância de um monitoramento cuidadoso e de um ajuste equilibrado da dosagem de eltrombopag para minimizar os efeitos adversos enquanto se mantém a eficácia terapêutica. Conclusão: Assim, entende-se que a monitorização dos pacientes em uso de eltrombopag deve ser realizada atentamente, visto que, mesmo que rara, a icterícia pode ser conduzida de maneira precoce e segura.