Signo (Feb 2023)

O que faz uma boa metáfora na ciência?

  • Sergio Fernando Martinez Muñoz

DOI
https://doi.org/10.17058/signo.v48i91.18145
Journal volume & issue
Vol. 48, no. 91
pp. 23 – 30

Abstract

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As metáforas têm sido discutidas e estudadas principalmente como dispositivos retóricos na comunicação humana e nos estudos literários. Na filosofia e na ciência, as metáforas foram consideradas importantes como ferramentas heurísticas, para embelezamento estético ou para ajudar a comunicar ideias complexas de forma mais simples; mas não como tendo força epistêmica. Filósofos e cientistas são advertidos a evitar metáforas como recursos explicativos. No entanto, apresento vários exemplos em que as metáforas têm desempenhado um papel significativo no avanço do conhecimento científico e não como meras ajudas heurísticas ou decorativas. Vale a pena abordar essa tensão. Eu uso trabalhos recentes nas ciências cognitivas para argumentar que algumas metáforas desempenham um papel significativo na organização e coordenação de práticas científicas em relação aos objetivos da investigação, promovendo assim valores epistêmicos (explicações científicas e, de maneira mais geral, compreensão) no processo. Tais metáforas, portanto, desempenham um papel cognitivo fundamental. Boas metáforas no sentido epistêmico, então, são aquelas que desempenham tal papel cognitivo.

Keywords