Brazilian Journal of Infectious Diseases (Nov 2024)

ENDOCARDITE INFECCIOSA POR S.LUGDUNENSIS: UMA SÉRIE DE CASOS MULTICÊNTRICA BRASILEIRA

  • Nícolas de Albuquerque Pereira Feijóo,
  • Rinaldo Siciliano Foccacia,
  • Anna Maria Amaral de Oliveira,
  • Diego Augusto Medeiros Santos,
  • Tania Maria Strabelli,
  • Giovanna Ianini Ferraiouli Barbosa,
  • Rafael Quaresma Garrido,
  • Cristiane da Cruz Lamas

Journal volume & issue
Vol. 28
p. 104438

Abstract

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Introdução/objetivos: Staphylococcus lugdunensis é um estafilococo coagulase negativo (ECN) anteriormente frequentemente identificado incorretamente como S. aureus. O uso rotineiro do MALDI-TOF MS no diagnóstico permitiu a identificação correta desse patógeno em anos recentes. Apesar de não ser um agente etiológico comum da endocardite infecciosa (EI), é reconhecido por sua apresentação clínica agressiva, semelhante ao S.aureus. A atualização dos critérios pela Duke-ISCVID passou a considerar S. lugdunensis como critério maior de EI. Nosso objetivo é apresentar uma série de casos de EI por S.lugdunensis (EISL) identificados em três centros brasileiros. Métodos: Casos definitivos de IE de acordo com os critérios modificados de Duke incluídos prospectivamente com análise post hoc. Resultados foram apresentados como frequências e médias ± desvio padrão. Resultados: Em nossa coorte prospectiva de EI em adultos seguidos em dois centros de referência para cirurgia cardíaca, SLIE representou 6/1165 (0,5%) dos casos de EI, e por 6/128 (4,7%) casos de EI por ECN. Como comparação, EI por S.aureus representou 140/1165 (12%). Paciente número 7 foi seguido em um terceiro centro. Idade média dos pacientes foi de 48.3 ± 25.9 anos; EI adquirida na comunidade ocorreu em 4 casos, EI associada a assistência à saúde não-nosocomial em 2, ambas relacionadas a hemodiálise, e EI hospitalar em 1. Predisposições a EI descritas foram: doença cardíaca congênita (3), valvopatia reumática (1) e esclerose valvar (1). Todos os pacientes apresentaram febre e valores elevados de proteína C-reativa; todos, com exceção de um paciente tiveram EI de válvulas esquerdas. Três pacientes tinham biopróteses e dois apresentaram EI concomitante de válvulas aórtica e mitral. Vegetações foram identificadas em 6/7 (86%), e a média do tamanho do maior diâmetro da vegetação foi de 12.9 ± 7.9mm. Embolização sistêmica ocorreu em 5/7 (71%) dos pacientes, bacteremia persistente e insuficiência cardíaca ocorreram em 3/7 (43%) cada. Foram submetidos à cirurgia cardíaca 5/7 (71%) pacientes e a mortalidade intra-hospitalar foi de 1/7 (14%). Conclusão: Esses são os primeiros relatos de casos de EISL no Brasil ao nosso conhecimento. EISL apresentou-se com curso agressivo, com múltiplas embolizações. Válvulas protéticas foram frequentemente envolvidas, possivelmente devido a viés de referenciamento. É notável que dois pacientes tiveram EI associado a hemodiálise, o que tem sido descrito na literatura recente. Palavras-chave: Endocardite Infecciosa, Lugdunensis, Estafilococos coagulase-negativo, Embolização, Hemodiálise. Conflitos de interesse: Não houve conflitos de interesse. Ética e financiamentos: Não há conflito de interesse