Acta Médica Portuguesa (Jul 2012)

Iodo e Tiróide: O que o Clínico Deve Saber

  • Maria Santana Lopes,
  • João Jácome de Castro,
  • Mafalda Marcelino,
  • Maria João Oliveira,
  • Francisco Carrilho,
  • Edward Limbert

DOI
https://doi.org/10.20344/amp.44
Journal volume & issue
Vol. 25, no. 3

Abstract

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A Organização Mundial de Saúde considera a carência de iodo como a principal causa mundial evitável de doenças mentais e do desenvolvimento, estimando que cerca de 13% da população mundial esteja afectada por doenças causadas pela falta de iodo. O iodo é um oligoelemento necessário na síntese de hormonas tiroideias que, uma vez que não pode ser formado pelo organismo, tem de ser ingerido regularmente com a alimentação. O peixe e o marisco são geralmente uma boa fonte, porque o mar contém um teor de iodo considerável. Pelo contrário, as plantas cultivadas em solos com deficiência de iodo são pobres neste elemento, bem como a carne e outros produtos animais alimentados com plantas pobres em iodo. O sal é o melhor veiculo para a adição de iodo. Condimentar os alimentos com sal iodado é uma prática desejável, porque nos garante a presença deste elemento. Existem também outros métodos para fornecer iodo à população em geral, tais como adicionar iodo à água potável ou tomar suplementos com iodo. Na gravidez é consensualmente recomendada a suplementação iodada, excepto em doentes com patologia tiroideia conhecida. O iodo é um componente essencial das Hormonas Tiroideias (T4 e T3). Um aporte inadequado de iodo, leva a uma produção inadequada de hormonas da tiróide. As consequências mais importantes da deficiência de iodo, na população em geral são o bócio e o hipotiroidismo e, nos casos mais graves, atraso mental, cretinismo e aumento da mortalidade neo-natal e infantil. A sobrecarga iodada de origem alimentar é raríssima. O Conselho Internacional para o controlo das doenças por deficiência de iodo (ICCIDD) surgiu em 1985, com o único propósito de conseguir uma nutrição óptima de iodo em todo o mundo, e tem colaborado com a UNICEF e com a OMS. Em Portugal existem trabalhos recentes que mostram importantes carências na gravidez e a Sociedade Portuguesa de Endocrinologia Diabetes e Metabolismo, em parceria com a Direcção Geral da Saúde, propõem a suplementação em iodo durante a gravidez com 150-200 μg/dia.