Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)

EP-276 - ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DE TOXOPLASMOSE CONGÊNITA NO BRASIL, ENTRE OS ANOS DE 2019 A 2023.

  • Julia Matos,
  • Ráysson Ribeiro da Costa,
  • Isabella Azevedo Moreira,
  • Mylena de Lima Ramos,
  • Valéria Soares de Alencar,
  • Carolina G. Prestes Beyrodt de Amor,
  • Joselma Siqueira-Yamagu

Journal volume & issue
Vol. 28
p. 104184

Abstract

Read online

Introdução: Toxoplasmose congênita (TC) é uma zoonose causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, e a sua infecção ocorre pelo contato com fezes de felinos domésticos, ingestão de alimentos e água contaminados, e por via transplacentária, esta última podendo causar lesões ao feto e, eventualmente, morte intrauterina. No Brasil, a prevalência da doença alcança 3,4 casos a cada 1000 nascidos vivos, com possíveis comprometimentos neurológicos e oculares, devido ao fato de a toxoplasmose ser assintomática na maioria das gestantes, tornando difícil a sua detecção. A TC é uma enfermidade negligenciada, portanto, é necessário analisar a incidência da doença no contexto brasileiro, visando ao seu controle e manejo. Objetivo: Analisar o perfil epidemiológico da TC no Brasil, entre os anos de 2019 a 2023. Método: Trata-se de estudo descritivo, do tipo epidemiológico. Para tanto, foram coletados dados através do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), referentes aos casos e óbitos no território nacional, no período descrito, utilizando as variáveis: faixa etária, sexo e cor/raça dos indivíduos. Resultados: Foram notificados 32.320 casos de TC no período avaliado, destes, 96,96% tinham idade inferior a 1 ano. Em relação às regiões brasileiras, a de maior percentual foi a Sudeste (35,24%), seguida por Nordeste (27,52%), Sul (16,88%), Centro-Oeste (10,77%) e Norte (9,57%). O pico de internação ocorreu em 2023 (30,84%), ao passo que o ano com menor número foi 2019 (8,84%). No que se refere aos óbitos, foi notificado um total de 198 no período analisado, sendo que o maior número ocorreu em 2022, com 70 casos (35,3%). A letalidade pela doença correspondeu a 0,69 óbitos a cada 100 casos. Quanto à variável raça/cor, concluiu-se que os pardos foram os mais atingidos (49,90%), seguidos por brancos (32,63%), pretos (4,59%), indígenas (0,77%) e amarelos (0,39%). Ademais, os pardos foram os que mais morreram pela TC (48,9%), seguidos por brancos (25,75%), pretos (3,53%) e indígenas (2,02%). Conclusão: Desse modo, é explícita a seriedade da TC no Brasil, visto que apresentou crescimento significativo no período analisado. Portanto, é necessária a implementação de políticas públicas visando à adesão ao pré-natal, preconizando o rastreio precoce da doença, a fim de diminuir a incidência de complicações relacionadas à infecção por T. gondii.