Manuscrítica (Jul 2021)

"Borges não acreditava na perfeição": entrevista com Daniel Balderston

  • Gisela Anauate Bergonzoni

Journal volume & issue
no. 43

Abstract

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Daniel Balderston é um dos mais reconhecidos especialistas da obra do escritor argentino Jorge Luis Borges. Professor do departamento de línguas e literaturas hispânicas da University of Pittsburgh, nos Estados Unidos, é diretor do Borges Center, que abriga em seu site um extenso material sobre a obra do autor e sua fortuna crítica. O trabalho de Balderston impactou os estudos da obra de Borges sob diferentes perspectivas teóricas, das pesquisas de suas fontes históricas até os estudos de gênero. Entre seus livros, destacam-se Out of context: Historical Reference and the Representation of Reality in Borges (1993), Borges, Realidad y simulacros (2000) e Innumerables relaciones: cómo leer con Borges (2010). Nos últimos anos, Balderston tem se dedicado a uma tarefa de grande relevância para os estudos hispânicos contemporâneos: a crítica genética dos manuscritos de Borges, que estão espalhados por países diferentes – Estados Unidos, Argentina, Uruguai, Espanha, Suíça – em bibliotecas e coleções particulares. Grande parte dessa pesquisa está reunida no livro How Borges Wrote (University of Virginia Press, 2018), que Balderston considera seu maior feito nos quarenta anos em que passou destrinchando os escritos do argentino. Trata-se de um estudo incontornável sobre a gênese da obra borgeana: há reproduções facsimilares até então inéditas dos manuscritos de Borges e análises finas de suas anotações, de seus esboços e planos de trabalho, de cadernos preparatórios para cursos, de variantes e de cópias manuscritas de ensaios e contos. Nesta entrevista, concedida à Manuscrítica por videoconferência, Balderston falou sobre a busca detetivesca pelos manuscritos de Borges – digna talvez de um conto que o próprio autor argentino teria escrito –, sobre o árduo processo de composição de How Borges Wrote e sobre o status atual das pesquisas genéticas no mundo anglo-saxão. O livro foi publicado na França em 2019, sob o título La Méthode Borges, com tradução de Sophie Campbell (Presses Universitaires de Vincennes) e deverá ser lançado ainda este ano na Argentina, em uma versão ampliada, como El método Borges, com tradução de Ernesto Montequin (Ampersand).

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