Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
RELAÇÃO ENTRE ANEMIA FERROPRIVA E DESNUTRIÇÃO NO BRASIL
Abstract
Introdução: Anemia ferropriva caracteriza-se pela deficiência de ferro no organismo, resultando em uma produção inadequada de hemoglobina. Já a desnutrição alimentar refere-se à ingestão insuficiente de nutrientes essenciais, podendo levar a uma variedade de problemas de saúde. Ambas as condições são interrelacionadas e frequentemente coexistem, especialmente em populações vulneráveis. A anemia afeta cerca de 1,62 bilhões de pessoas no mundo, com maior prevalência em crianças e mulheres grávidas. Já a desnutrição é igualmente prevalente, particularmente em regiões de baixa renda, onde a insegurança alimentar é mais aguda. Em 2022 foram registrados cerca de 10 milhões de crianças com desnutrição severa sem tratamento. A relação entre anemia ferropriva e desnutrição alimentar é complexa e multifacetada. A deficiência de ferro é frequentemente exacerbada por uma dieta inadequada, insuficiente em ferro biodisponível e outros nutrientes essenciais. A desnutrição compromete o estado geral de saúde, aumentando a vulnerabilidade a doenças e dificultando a absorção de nutrientes, o que agrava a anemia. Metodologia: Estudo descritivo, transversal e observacional em dados secundários obtidos no Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) referentes à desnutrição e anemia ferropriva, no Brasil. O período considerado foi entre 2019 e 2023 e a variável utilizada foi internações e óbitos por ano, comparando as regiões brasileiras. Resultados: No período analisado, 63.657.000 indivíduos foram internados com anemia ferropriva. Sendo que, o Sudeste teve o maior índice de pacientes internados (12.631.288,26), em seguida o Nordeste (6.662.030,74), Sul (4.443.316,24), Centro-oeste (2.180.656,92) e Norte (1.676.030,35), que correspondem, respectivamente, a 45,8%, 24,1%, 16,1%, 7,9% e 6,1% dos casos no país. Os dados em relação aos internamentos demonstram-se majoritariamente crescentes durante todo período. Dentre eles, 2019 (10.981.000), 2020 (10.561.000), 2021 (12.794.000), 2022 (13.726.000) e 2023 (15.595.000). Destacando os anos de 2021 (12.794.000) e 2023 (15.595.000) onde houve um maior crescimento de casos, representando 44,6% dos internamentos no período de 5 anos. Havendo um total de 63.657.000 internamentos durante todo o período. Já em relação à desnutrição, de acordo com a distribuição percentual da Segurança alimentar, as regiões Norte (25,7%) e Nordeste (21%) concentram o maior percentual de indivíduos que sofrem desnutrição alimentar grave. Em seguida temos a região Sudeste (13,1%), Centro-Oeste (12,9%) e Sul (9,9%). A falta de poder aquisitivo, agravada pela volatilidade e alta dos preços dos alimentos, torna-se mais relevante do que a disponibilidade de alimentos para a permanência do problema. Conclusão: Durante o período analisado, 63.657.000 indivíduos foram internados com anemia ferropriva, demonstrando um aumento contínuo, com destaque para os anos de 2021 e 2023. Apesar dos estados Norte e Nordeste conterem os maiores dados de desnutrição grave, 25,7% e 21% respectivamente, os casos de anemia não foram correlacionados, sendo mais predominante no Sudeste com 45,8% dos casos.