Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Nov 2024)
Características sociodemográficas dos pacientes atendidos em hospital psiquiátrico do Sudoeste da Bahia.
Abstract
Introdução: Os transtornos mentais estão entre as condições crônicas mais prevalentes, podem afetar indivíduos de qualquer classe social, em qualquer fase da vida. O estigma e a discriminação diminuem a qualidade de vida, interferem no desempenho de papeis sociais, impedem a integração social e o acesso ao tratamento, criando um ciclo de desvantagem social.Ao longo dos anos houve mudanças no planejamento de serviços e políticas de saúde objetivando um tratamento mais humanizado e a reintegração desses pacientes para o convívio social. Entender a epidemiologia dos transtornos mentais é essencial para melhor atendimento e planejamento de serviços e políticas voltadas para essa população. Objetivo: Caracterizar o perfil sociodemográfico e a prevalência de diagnósticos em pacientes de um hospital com atendimento psiquiátrico do Sudoeste da Bahia. Métodos:Trata-se de estudo tipo corte transversal, retrospectivo, quantitativo, com amostra total de 400 prontuários de pacientes psiquiátricos. O critério de inclusão foi ter sido submetido a pelo menos uma consulta nos últimos seis meses. Aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa do IMS-CAT/UFBA parecer 1.721.215. Resultados:Os pacientes apresentaram uma média de idade de 44 anos, com maioria dos indivíduos do sexo feminino representando 56%. Foi verificado que 68%(272) dos pacientes não possuíam parceiro. Quanto à escolaridade, 61,54%(120) estudaram até o ensino fundamental incompleto, 21%(41) eram analfabetos e apenas 1,5% (6) dos pacientes possuía nível superior. Sobre a situação atual de trabalho 64,6%(146) não trabalhavam. Os transtornos do humor (afetivo) constituíram o distúrbio mais prevalente 30,5%(116),seguido da esquizofrenia com 26,8% (102). Transtornos, relacionados a estresse e retardo mental representaram somados 32,4%(123). Discussão:O perfil dessa população de maioria de mulheres é semelhante ao encontrado por Junqueira (2009). A prevalência de pacientes sem companheiro foi maior que a encontrada nos dados da população de São Paulo, de 46,6% e pode estar associada a alto índice de transtornos mentais graves neste estudo, como a esquizofrenia, que pode dificultar a vida conjugal.A baixa escolaridade pode ser reflexo de um sistema educacional ainda não preparado para receber e lidar com as dificuldades encontradas relacionadas com a evolução do aprendizado e convívio social destes indivíduos. A elevada taxa de inativos no mercado de trabalho,corroborada por outros estudos como Silva et al, (1999) pode evidenciar uma possível exclusão desses pacientes do setor produtivo. Conclusão:A predominância dessas doenças na fase produtiva dos indivíduos, juntamente com baixo nível de escolaridade afeta a possibilidade de inserção no mercado de trabalho além de limitações para se iniciar uma vida conjugal, impactando em um maior isolamento afetivo e social.
Keywords