Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)
EP-231 - ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DE CASOS DE TUBERCULOSE OCULAR EM CENTRO DE REFERÊNCIA TERCIÁRIA PARA TUBERCULOSE NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO.
Abstract
Introdução: Tuberculose ocular (TO) é uma forma rara de tuberculose extrapulmonar (TE), tem apresentação clínica variável, apresenta poucos dados na literatura e o diagnóstico é realizado de forma presumida. Neste estudo levantamos dados de casos do Programa de Controle de Tuberculose (TB) de São Bernardo do Campo, SP. Objetivo: Análise do perfil epidemiológico dos casos de TO de um serviço de referência terciária para TB. Método: Foram analisados retrospectivamente casos diagnosticados e tratados no período de 01/01/2018 a 31/12/2023, através da plataforma TBWEB e prontuário. O diagnóstico de TO foi realizado segundo 3 critérios, dois obrigatórios para o início do tratamento: a) apresentação clínica oftalmológica, b) teste tuberculínico maior de 10mm (ou IGRA reagente); e o terceiro critério avaliado após 6 meses: c) resposta terapêutica. Os dados foram comparados com dados de literatura publicada. Resultados: Avaliou-se 35 casos de TO, correspondendo a 2,1% do total os casos de TB (1652) e 11,1% dos casos de TE (314), dados de literatura relatam 2% de TO em relação à frequência de TE. A faixa etária adulta entre 18 e 60 anos abrangeu 97,1%(34) dos casos. Quanto ao sexo 71,4%(25) femininos e 28,6%(10) masculinos. A forma clínica predominante 31,4%(11) foi uveíte unilateral, 20%(7) uveíte bilateral, 17,1%(6) esclerite unilateral e 8,6%(3) coriorretinites, outras apresentações somaram 22,9%(8) dos casos. Dos sintomas: 49%(17) relataram perda parcial da visão, 23%(8) turvação visual, 23%(8) hiperemia e 11%(4) dor ocular. Quanto à exposição 62,8%(22) eram não expostos para TB, 28,6%(10) eram contato de TB confirmado, 8,6%(3) trataram TB pulmonar. Das comorbidades:14,3%(5) diabetes. Diagnóstico diferencial: 48%(17) excluíram outras doenças infecciosas (HIV, CMV, sífilis e toxoplasmose) e 17,1%(6) excluíram doenças reumatológicas. O tratamento em 100%(35) dos casos foi: rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol, via oral; variando entre: 6 meses 40%(14) dos casos, 7 meses 8,6%(3), 9 meses 25,7%(9) e 12 meses 17,1%(6). Desfecho: 40%(14) apresentaram recuperação total, 28,6%(10) apresentaram melhora parcial dos sintomas, 20%(7) não melhoraram, 2,9%(1) mudaram o diagnóstico, 2,9%(1) perderam segmento por transferência, 5,7%(2) não houve registro no prontuário. Conclusão: TO apresentou frequência 5,5 vezes maior em relação aos dados de literatura, talvez por ser um serviço de referência regional. A resolutividade (total + parcial) de 68,6%(24) sugere a necessidade de investimentos em diagnóstico diferencial.