Sağlık Akademisi Kastamonu (Oct 2022)

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NO TELEJORNALISMO: ANÁLISE DISCURSIVA DE UMA MESMA NOTÍCIA EM DOIS VEÍCULOS COM FILIAÇÕES DISTINTAS, MAS NÃO TANTO ...

  • Ana Cristina De Sousa Damasceno,
  • Celso Ferrarezi Junior,
  • Sérgio Nunes De Jesus

DOI
https://doi.org/10.25279/sak.1135143
Journal volume & issue
Vol. 7, no. Special Issue
pp. 11 – 12

Abstract

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Introdução: Em uma sociedade patriarcal como a brasileira, em que muitas mulheres não administram seus desejos e seus corpos, a violência doméstica ainda é assunto preocupante, por ainda hoje organizar as relações de poder na instituição do matrimônio. Embora, em 2006, a Lei Maria da Penha tenha surgido como uma forma de legitimar a luta das mulheres para coibir os feminicídios e outras formas de violência, estudo do IPEA (2013) revela que as mulheres ainda sofrem com maus tratos de seus parceiros íntimos. Objetivo: Torna-se importante compreender como em um momento em que há a institucionalização de direitos de gênero e a reafirmação dos direitos humanos da mulher, sobretudo no que diz respeito à dignidade humana, a violência doméstica ainda é discurso circulante. Método: Com vistas a compreender as formações discursivas que sustentam os dizeres que legitimam a violência doméstica como possibilidade, com aporte teórico-metodológico da Análise do Discurso de orientação pêcheuxtiana, foram selecionadas duas matérias jornalísticas sobre o assassinato em legítima defesa de um homem, ex-marido de vítima de violência doméstica, pelo atual companheiro, em Joinville. A primeira foi veiculada pela RIC TV, afiliada da Rede Record, na cidade em que ocorreu o assassinato, no Jornal do Meio-dia. A segunda foi produzida e transmitida pelo programa Cidade Alerta, de âmbito nacional. As reportagens foram extraídas dos sites das respectivas emissoras. A opção por essas materialidades deveu-se à grande circulação na sociedade e pelo grau de institucionalização. Após análise, observou-se o funcionamento de duas formações discursivas para a legitimação dos dizeres das matérias jornalísticas, sendo que em nenhuma delas a mulher é significada como protagonista de sua própria história. Resultados: Assim, ainda que tenha fala na reportagem, o espaço a ela reservado é pequeno, o que revela que os dizeres dos sujeitos-jornalistas encontram-se revestidos pela ideologia patriarcal. Apesar de haver deslizamento de sentidos entre as formações discursivas, haja vista serem suas fronteiras instáveis, esse intercambiamento não é suficiente para legitimar a mulher como centro da história. Conclusão: A violência doméstica não é significada como ponto fulcral na construção de uma sociedade mais igualitária. A filiação discursiva dos sujeitos envolvidos a configura apenas como uma violência qualquer, a vender prestígio ao jornalista, ao construir o sujeito ideológico como justiceiro social, cada reportagem em um grau de filiação diferente. Isto posto, é válido considerar que as filiações, em momentos enunciados (na escrita), assume posições reconhecidas pelo sujeito discursivo em sua materialidade (língua).

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